domingo, 1 de abril de 2012

FLOR BORDADA DE MENINA

FOTO - MINHA PINTURA
MARÇO 2012





FLOR BORDADA DE MENINA

Lembro-me que jurei não aparecer no HI FI, mas além da insistência de Mimi ,acho que preciso pagar com rigor todas as palavras falidas que esparramei nos espaços amarelados daquele guardanapo branco,motivo de histórias e aventuras de outrora...
Já chegou a hora de falar sobre aquelas respostas silenciosas que finalizavam nossas conversas.
Eu ainda equilibro o olhar e o direciono para um ponto distante, do lado de fora da moldura de Flor que em meio a copos de cervejas e afagos,embaraça ao“ Quizilo “. Mas não é por medo de olhar nos seus olhos, não. É medo de que “Quizilo” não encontre algo em Flor, ou de não encontrar aquilo que poderia render-lhes frutos...
Às vezes no início da noite ainda corre para o bar e fica esperando ele aparecer por lá e dizer, sem jeito, que estava passando por ali e resolveu me dar um oi. E quando o frio bate assim tão forte, sente-se congelando, e esse gelo todo desmancha aos poucos e vai fluindo pelos olhos e escorregando pelo rosto. Então Flor tocando seu rosto com teus dedos gelados e abraça tranquilo, pensando em como aos poucos se tornará tão sensível.
Soube de “Quizilo” assim bem de supetão. Flor transou com ele, na cara de pau, em papos suaves, enquanto piscava a Dondinho na mesa do HI Fi, marcaram uma noite longe de todo mundo e saíram os dois de mãos dadas pelas ruas.
Percebi que ando cheio de passados guardados no bolso e lembrei-me dos trechos que ainda estavam por vir. Eles enfim foram, e acompanhados de Duda e do Vivi.
Continuo rindo das piadas sem graça que a Beth, A Feia nos contava com um sorriso enorme estampado no rosto e não consigo tomar chá de canela sem lembrar-se das criaturas da noite... Mimi apelava para minha canela, embaixo da mesa, final estava farta de Beth, sua vizinha, ex-amiga, ex confidente, ex tudo que imaginares...
De vez em quando ainda passava na mesa do “SHAOLIM “de semblante constantemente bem humorado só para ouvi-lo me chamando de Balalaika ( com aquele jeito bonito dele.)
Mas “ Quizilo “ não tem o seu sorriso torto, nem sua cara de espanto forjada, nem seu talento especial por Flor o arrancaria um suspiro.
Quase não me encontro nesse emaranhado de ideias tortas que regem nossas vidas e suas pontuações. Fica tudo ziguezagueando entre uma lágrima e um sorriso. Tudo formando aquela mesma palavrinha de quatro letras.
E eu ando sentindo tanta falta de algo que não seja vulgarizado, plastificado, enlatado, light.
Eu quero Flor, quero agora, já. Entende?
É verdade, tudo isso é controle remoído. Todas essas palavras são os frutos de minhas buscas antigas. Tudo tem que frutificar. Por isso te digo que ainda aceito momentos reciclados e não tenho problemas com palavras brotadas em solos antigos, mas de verdade lúcida e plena.
Uma vez apenas tive em meus braços e seu corpo deslizou sobre o meu, mas não deveria ter acontecido Flor, então não vejo beleza nisso, na sua traição, no me pintar e me sujar com as tuas cores. Vá logo, antes que as coisas sequem, antes que os espaços em branco sejam pintados e antes que o vento me leve para longe, tão longe, muito longe de ti, Flor...
Você não serve prá mim...

Despediu-se na noite e sumiu pela Praça Raul Soares...


Uschuaia Dean,22 Outubro 2011

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