quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

AINDA ONTEM NA ESTAÇÃO




















AINDA ONTEM NA ESTAÇÃO

Confesso que estou farto disto tudo agora.
Ontem definitivamente senti que ali, no meio daquela turma não é meu lugar... Se antes tinha medo dos carcarás que aproximaram devagarzinho, agora saber mais coisas da própria boca delas me frustra. Não imaginava encontrar tantas manchas e falsidades nas vozes que ouço...
Se eu tinha cuidado em ouvi-los, agora dizer é mais perigoso e tenho que ficar com meus personagens no fundo da gaveta.
Sinto que estou tão próximo que se acha que sou íntimo e estão me confidenciando coisas que no fundo eu já sabia...
Meu Deus!
Estou sentindo-me no meio da tempestade, numa daquelas chuvas chatas que insistem em cair, sem nenhum intervalo. Sinto-me postado defronte à uma janela sem vidraça, observando os pingos da chuva batendo, um a um no parapeito de minhas imaginações. Parecem aflitos para cumprirem sua missão, como eu.
Acompanho cada movimento, o piscar de olhos dos caracarás como as águas, se aquilo fosse minha principal função do dia, e lá fora assentado de longe observando o movimento da festa.
Observei porque geralmente nesses dias nublados em que o mundo parece querer desabar em água, que mais eu lembrava era a falta que meu caderno fazia. E por mais que me esforçasse para conter as lembranças, todo o esforço no final era não era em vão, sei olhar, olhar e olhar.
Nessas ocasiões, a tristeza se mistura com a alegria das lembranças de tantos momentos antes compartilhados – e se misturam fisicamente, lágrima e saliva. Entre uma e outra, a leve brisa que entrava pelo corredor do terminal transforma-se em frio; e de repente é inverno. O frio que começa a incomodar faz com que eu procure um copo de café quente e cobertor de lã, uma fagulha qualquer que a ajude a me esquentar. Mas nada parece suficiente sem o calor daquelas palavras verdadeiras que já não ouço, mas está tão ainda presente.
Gélido, continuo no meu temporal. Em tempestade, raio e trovão prostrado defronte a mim, como que numa tarde nada ensolarada, Flor começa a falar e desabafar, como se eu fosse o terapeuta das bichas ensolaradas.
Sentia-me em gota, suor e oceano, enquanto contava silenciosamente os pingos das chuvas que insistem em cair da boca felina de Flor e aquela trupe toda ali.
Preciso me reciclar, dá um tempo, aquele em que nem ouvirei lamentos de Mimi, nem o tique nervoso de Flor, ou o mascar de Bispa e o sorriso amargo de Hedionda...
Tenho que me libertar deste povo, recomeçar algo, e até mudar de cidade ou país, se preciso porque no fundo minha frustração deixa-me a mercê da fraqueza e do medo que agora me consome...
Desculpe-me por ontem, o achei muito incomodado e ainda trombar com Flor foi como ser arrastado pela correnteza desta chuva que anuncio agora...
Só posso agradecê-lo e dizer de minha admiração, no fundo aquele povo serão sempre personagens de um show que pretendo escrever...
Pois é, a outra, uma trava veio pedir que escrevesse um show especial para ela. Sei lá onde tirou isto, o Marcola me apresentou e disse que escrevo. Quis sair correndo dali com cara amassada de Miguel Falabella na chuva...
Deus é Pai...
As coisas estão tomando um rumo que não esperava e isto me frustra mesmo.
O meu abraço

BELO HORIZONTE, 07 DE NOVEMBRO 2011.
Uschuaia Dean

O HOMEM QUE VI ESSA NOITE

                                         Foto em Florença 2007


         O HOMEM QUE VÍ...

Um evento no Mercury sobre Rio Quente Resort foi além do imaginado... Uma noite daquelas onde nossos olhos se perdem em meio  a pessoas interessantes...
Muitas informações e gente que quase nunca via e me vi envolvido por um cara incrivelmente calmo e sereno... Fazia tempos que não fitava um homem tão dócil e discreto, tão puro com olhar sereno como um mar calmo após a ressaca invernal. Sua camisa caqui com alguns tons em preto despertava atenção, estava amassada, como fossem areias de alguma praia Francesa... E a calça jeans com sapato preto, me deixou fascinado... Faltou ver se a cueca seria branca, ai sim me perderia em tesão...
Tempos que não olhava alguém com tão bons olhos, apenas admiração, certa alegria em olhar tão criatura distinta e deixar que notasse minha admiração. E ele discreto, sincero olhar tentava agir como nada acontecesse... Estive encantado por algumas horas. Esqueci os problemas, esqueci que amanhã a realidade será outra, mas velava os teus olhos e tentava imaginar seus pensamentos...
Após o evento um coquetel, ai observei mais ainda. Observei além dos telescópios imaginados quando estava assentando numa cadeira um pouco distante, mas que o sentia sereno, discreto, meigo e desprotegido, arrumando os poucos cabelos em desalinhos...
Discrição ali chegou e ficou... O moço é belo por ser unicamente diferente, mostrava-se seguro, olhava-me como que teria vontade, a mesma que eu sentia... Aproximar ser amigo, conversar, conhecer melhor e deixar-se envolver... Se sou covarde como acho, ele também... Eu pegava uma taça de cerveja, ele outra. Virava em minutos e ele já embarcava noutra. Eu olhava, ele desviava o seu, ele arrumava a camisa e prosseguia a conversa com um casal, eu alisava meus cabelos... Mais uma cerveja lá e aqui eu pedia outra... O garçom vinha e mais Skol, ia nele e dá-lhe cerveja... Ele virava de ladinho eu o cubava discretamente por sobre as meninas que são baixinhas e nada observavam...
Minha vontade era dar tapinhas no ombro, enquanto me fazes cócegas na cabeça.
Que sentisse a minha respiração no seu pescoço e as minhas mãos se perderem nos milímetros todos do seu corpo.
E depois as minhas mãos afagar as suas costas, e as nossas pernas entrelaçassem.
E as nossas línguas deslizassem uma na outra... Encostar-se a ti. Como nunca tinha feito antes.
A minha respiração seria a sua respiração. Os nossos corpos movessem-se na mesma lentidão em sintonia...
Debruçaria sobre ti... Olho-te nos olhos no pouco espaço da sala... Encostar a minha face na tua.
E o meu corpo todo em beijos sentisse o seu toque. A sua pele seria um mar de pequenas gotas salgadas.
E o calor dele seria mais sedento... De falar de amor comigo.
Eu torno-me olhar, imagino coisas boas, entrega fonte, precipício, água e ar...
Senti que poderíamos ser prolongamentos um do outro, os dois um só!
Afago, beijo, carícia, multiplicados por mil.
À tua entrega me entrego... Sinto a sua alma respirar... Ofegante.
Acompanhada pela minha. No precipício caímos... Não se vê o fim. Caímos. Cada vez mais fundo...
E somos murmúrios, gemidos, vozes que se alteiam à escala do prazer...
Explosão infinita a ecoar pelos séculos a fora! Seriamos um só-... Adormeceríamos em abraços.
E eu acordar nos seus sonhos...
Na sua mão esquerda não havia aliança, na esquerda nem anel... Pressuponho que não seja casado com mulher... Não sei seu nome, nem onde fica a sua agência, mas a certeza de que deve ser muito GOS-TOS-SO.
Retiramos-nos e retornei solitário para casa, recordando aquele homem tão maneiro, tão fora do meio, e eu com tanta vontade de saber quem é ele...

Uschuaia Dean, 29 de Fevereiro 2012.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O POSTE

                         

                                    O POSTE

- O Poste nos separa...
Escondido mal o vê e você tem que virar a cabeça para me ver...
O posto separa nossos defeitos, nossa vergonha, nosso ex-amor... As nossas solidões!
Do lado de lá observa o meu olhar nas pessoas e ele com um ar de tristeza imaginando como as minhas alegrias o incomodam tanto.
O poste num silêncio onírico parece observar o transito caótico, pesado, enquanto a barra acelera e separam nossas frustrações, as lamentações e tudo aquilo que ficou para trás.
As saudades ternas e intensas noites de amores passados.
A garrafa ainda do lado lembra-o aqui de ladinho, sem a atual solidão, sem medo de esquecer que amanhã é outro dia.
O poste separa nossas vidas, sentimentos, adversidades, até nossa manhã de café à mesa com o jornal matinal e aquele cansaço dormindo ainda lá no canto da cama, numa preguiça de fazer inveja...
O Poste separa minhas invejas e suas agonias... A raiva que restou e a magoa passada... Separa os nossos corpos e copos de cerveja que tanto gostamos. Separa o garçom e nossos amigos.
Separa o meu carinho... A sua carência, separa o pouco que preciso de ti.
Separa o nosso colo, a acaricia no rosto,
O abraço simplesmente.
O Poste nos deixa carente.
O vento que bate parece sussurrar baixinho-gosto de ti
-Dá-me um beijinho,
Olha-me nos olhos...
Assim...
Com ternura,
Afeto,
Me segura...
Faz-me criança.
Deixa-me a cabeça
Recostar em teu ombro.
Fechar meus olhos
e apenas...
Apenas sentir
o teu carinho.
Dá-me um tanto de ti.
Mas em nosso lado existe um poste de luz, a luz da esperança...
O Poste no faz esconder de vergonha, por trás podemos coçar a cabeça, forçar os dedos, apertar uma mão na outra, olhar e perder em nossas incompreensões...
Ele nos faz entender que muita coisa ficou mal resolvida, ficou para trás. Que estamos errados, e ainda nos faz sentir que somos covardes e soberbos.
O Poste me esconde de ti, você de mim e; tento fugir daquele triste adeus, daquela angustiante noite de 15 de março 2009.
Ah Óx, como este poste tornou-se testemunha de nossas amargas lágrimas de suas mentiras sem perna, sem cabelo, sem humor, sem o meu bem querer...

Uschuaia Hi Fi, sábado 14 de janeiro 2012.22h13.

A MESMA COISA


A MESMA COISA

Algumas pessoas me olham. Parecem sedentas, faltam cores e coisas, charmes, aquele it rotineiro, faltam afetos, falta verdade em cada rosto. Um desejo a mais e a segue á vida.
As mesas ainda estão vazias, um casal parece resolver pendências financeiras e um gigante moreno, de barba farta e esbranquiçada parece me comer com aquele jeito de tarado frio. Um estrupador quem sabe?
A noite segue sem novas caras, as mesmas ratazanas e caracarás a caça rotineira e eu pensativo.
 - Meu Deus quantos olhos, quantas criaturas com cheiro de enxofre!
O Gigante se foi com os aliados e me sinto aliviado, assim estarei a salvo daquele cara gigante que me fitava calado, parecia mais um personagem de cinema, um Asterix às avessas.
As mesas vão enchendo e um bolinho de gente se formando e o michê negão chega com cheiro de eucalipto e abraça o velho que sempre o deu boa vida.
Os infelizes vão chegando e alguns nos cumprimentam...
Aparece Bodinho e Noel... Como não havia mesas a disposição Bodinho se oferece para sentarem em nossa companhia e Marcola se ajeita num canto da mesa, o papo corre solto... O Noel tem um papo agradável, mas o Bodinho com cara de tonto ou te Turco Suicida é um saco...
Estão esperando Flor e Jukim que não demoraram aparecer. Jukim muito educado nos cumprimentou,assim como Flor com a mesma calça Jeans ,um tênis mais surrado e uma camisa da Lacoste em branco, azul marinho, azul mais piscina e ali começou a beber e falar asneiras.
Falamos da festa e perguntou se lá teria coroa e eu disse que certamente... E não perdia a oportunidade de soltar olhares a aqueles monstros da noite.
E chegava um e outro e aqueles cumprimentos e a pergunta sobre minha viagem a Paris e ai meu amigo é que aproveito e mando bala. Falo tudo  quê sei e que não sei e deixo as bonecas de queixo caído..Tirando o Noel que é mais escolado,as outras não tem nem noção de onde fica Paris...
Coitadas nada sabem nada de nada, nem sobre o amor, acho que um pouco de dor, pois só sabem lamentar.
Quisera eu estar com parte do coração em labaredas e a outra em questionamentos.
Passa novamente com o mesmo figurino Hedionda e Pires e vão para Praça como se Flor não representasse nada. Mas, pude notar que longe Hedionda não tirava o olho do michê mor...
Mareth já estava no Amarelinho com alguns conhecidos enchendo a cara de vinagrete e feliz, afinal gozou na base dos cinco dedos com um coroa lá na sauna Samurais e estava toda feliz.
Mas o coração de Mareth parece despedaçado, repartido, um segredo e um reflexo da verdade.
Desejava ela ter certezas, ter caminhos seguros e não ter que trançar todo tempo os sentimentos. Repetir fatos falsetes e sentir-se feliz, porque mal conheceu um Senhor e se masturbaram.
Difícil tarefa, desfazer as tranças e laços e nós e de quando em quando perceber as brechas e represar a solidão.
Vez outra ia ver Mareth e me aparece um ex-namorado do Marcola, ficou um pouco de papo e quisera eu saber lidar, sabiamente, com a "magreza" dos tempos que só resta à perseverança e a necessidade de sobreviver.
Difícil tarefa, ter boa vontade, paciência e fé de que o amor se regenera e se refaz. Mas ali ninguém sabe o que é o amor, ou sentimentos.
Refeito fiquei de uma duvida. O Fefê na verdade não é sobrinho do Marcola. Realmente não poderia mesmo, pois o Marcola é fino. O Fefê é filho do marido da irmã dele. Ou seja, ficou sendo sobrinho, por eles estarem sempre juntos. Mas, de sangue Fefê não é nada do Marcola...
E assim foi passando a noite e mais uma vez senti que não vale mais a pena falar de Flor e essa turma do Pererê que o acompanham.
Haviam duas pessoas que me chamaram a atenção, mas eu com menos defeitos, quem sabe o amor seria mais alcançável, menos árido, mais palpável. Indissolúvel quem pode dizer do que ele é feito? Da substância mais inflamável que pode haver corroí fria e docemente o coração humano.
Nem hesitei e continuei na minha, pois difícil não estar na trajetória da "bala" nem no "olho do furacão", pois o corte e o sangue são inevitáveis.
Podia eu ter mãos que curam o meu coração, mas não tenho. Outros não me alcançam por isso.
Queria eu ter imunidade, não tenho e saber futuros destinos, me antecipar ao risco, não sei.
Desejava eu saber como seria se meu caminho fosse outro,pela exigência o tempo me traz saudades.
O que sei que sobre o amor não sei nada.
Ah se eu soubesse?

Uschuaia Dean, 01 de Outubro 2011 – Belo Horizonte/MG.

ÚLTIMA VEZ QUE FUI AO QUINTAL



                 ÚLTIMA VEZ QUE FUI AO QUINTAL

SEXTA 20 JANEIRO 2012

A noite prometia, dei as caras pelo Quintal, mau Flor chegou ,me encontro chateado com Óx e saio puto de lá...Eram pouco mais de 21 horas,Ti e Flor aparecem  todos saltitantes , pareciam duas renas no cio...Ti estava com maquina fotográfica e diz que tiraria fotos no HI Fi prum site,não sei....falamos rápido e assim como  a Flor que estava com uma camisa branca com azul muito bonita...Momentos antes Hedionda e Piter haviam passado por mim ,Bam Bam sentou-se  a minha mesa,pois havia uma amigo em comum disse que Flor é esperta que quando está com alguém de bom gosto veste bem.Queria cutucar Bam Bam,mas havia gente á mesa e o papo não rolou.Esperaria a hora certa,mas ainda falei ao Ti e Flor que iria embora senão brigaria ali...Flor perguntou quem,eu disse que tinha um babaca ,ele olhou e acho que sacou que era o Óx e ficou calado...Sai e vim para casa com a certeza que Filho da Puta nenhum vai me encher o saco...Minha felicidade,os cumprimentos dos amigos ,a minha discrição o incomoda.Caiu na boca dele que estou indo para New York e aquilo deve ter  sido como UMA BOMBA AOS OUVIDOS,muito chato,não queria nada daquilo...Por eu estar bem ele fica puto..mas conseguiu me irritar e juro que não volto lá naquelas bandas tão cedo.Se arrumar um namorado ai sim poderei reaparecer,mas quando Remilton,Sr.Aldair,Zezão sentirem falta será tarde...
Decidi que Óx prá mim não existe e não quero que nunca mais me veja... Ele não terá mais delírios e nem saberá como será minha cara.
Aos que encontrarem vou dizer que estou de caso e meu namorado não quer que eu vá lá.
Com isto ficará mais difícil falar com Flor, mas na feira domingo tento, pois sei que lá ficará fácil... Vou levar algum tempo para me despir das fantasias de homem sonhador que acredita em finais felizes e amores eternos. Depois deste sábado saio de cena... Aproveitarei para colocar as coisas em ordens, escrever, escrever e pagar minhas dividas... Estava com 15 reais no bolso, bebi duas cervejas e parecia que ele sabia que ando durango...
Vou levar algum tempo para deixar de acreditar nas pessoas e que todos podem viver uma paz há muito sonhado com tanto carinho.
Vou levar algum tempo para deixar de acreditar que existem bichos papões dentro do armário e deixar de dormir com o abajur aceso, pois até em sonhos o pilantra me perturba...
Vou levar algum tempo para deixar de acreditar que estou bem comigo e o Quintal ficará para ele e para aquele povo que caçam carniças sem sentimentos... Pois acham que o assunto é só sexo... Vou sumir Doutor dali e na Praça,no Casão,irei as vezes.
Preciso de um tempo e que esse tempo dure uma eternidade inteira para que eu nunca perca a esperança que existe
Dentro de mim, pois não quero mais decepções...

Bom dia, sábado 21 de janeiro 2012.
Uschuaia Dean, posta com dor de cabeça.

Muito mais do que mereço.

                                                   Foto pessoal
                                                        2012

             Muito mais do que mereço.
Bem, dizer o que agora?Se nosso papo é sempre agradável, muito mais do que mereço.
Todas as palavras foram ditas repetidas ao longo daquele tempo no Diamond, você a cada dia mais generoso e afável, mas fico tão constragindo e meio sem graça, aliás, muito sem graça, pois o que me oferece sem pedir nada em troca nunca tive, nem de meu pai, nem dos homens que dormi, que comi e que fui comido... (sssss!!!)
Então faço assim.
Desejo ter forças para enfrentar a tudo, como ainda não sei?
Mesmo que eu venha chorar de emoção meu amigo.
E que eu tenha muitos motivos para sorrir de verdade
E que muitos anjos me acompanhem no meu caminhar
E luzes brilhem sempre em todos os momentos de meus dias
Que nossa companhia se torne muito mais constante
E cada vez mais aconchegante.
Tenho muito a agradecê-lo, mas deixo aqui registrado, a minha felicidade por ter você para compartilhar meus problemas e sei lá, as angustias, os medos, as coisas que não passei quando criança e adolescência,naquela época estufava o peito e ia a luta,hoje sou um anjo sem asas....Sou sem graça,nãos em pedir e fico sem graça com certas situações que me apetece e ruboriza meu rosto.
Você que comigo falou sério, brincou, sorriu
Me aturou e como aturou!!!
Digo mais, que toda esta felicidade expressada em tantos emails durante este período não termine assim que conseguir retornar a minha própria vida.
Que isto nos sirva de lição sempre, para lembrarmos que temos amigos de verdade, que podemos respeitar
o próximo sem ter data de validade, além do mais todos juntos, formamos um todo e vou estudar e muito o plano que devo lhe apresentar.
É isto que importa!
Sua mão amiga
Abraços
Dean

27 Janeiro 2012

Tirei o dia para refletir e caminhei muito

Foto Internet
2012

                    MEU BOM AMIGO E CONSELHEIRO...BERLUSK

Tirei o dia para refletir e caminhei muito... Percorri ruas, avenidas, Andradas e parei na Feira da Afonso Pena. Não atendi, pois sai e acabei esquecendo o celular, coisa que realmente não me faz falta, só mais tarde que vi tuas ligações e mensagem de texto.
Acabei no ponto de sempre com as meninas, meninos, coroas, titios e muitos gays. Após ser cumprimentado pelo Downzinho, não contive e fui a Bispa que estava com Flor que não desgrudava do celular... Pensei em tocar no assunto, mas não teve como, ele está meio reticente e agora tenho que saber chegar e começar como quem não quer nada...
Sabe,sei que tens razão não que me diz,preciso me libertar daquele sujeito e isto; irei, pois decidi que chega e chegou o momento de ser eu tão somente eu.
Gostar é mesmo uma desgraça, é foda...
Berlusconi preciso de força para ser firme nos meu propósitos, e preciso coragem para mudar de vez.
Preciso ter força para me defender, e preciso coragem para esquecer de vez aquele idiota mentiroso.
Quero muita força para ganhar uma guerra, e preciso coragem para me render se for o caso.
Estou certo, mas preciso coragem para não ter dúvida de que Ele não vale a pena.
Tenho manter-me em forma e a calma, assim crio coragem para ficar de pé sozinho.
Meu peito está pronto para sentir a dor de um amigo, mas eu preciso de coragem para sentir as minhas.
Urgentemente esconder meus próprios males, e também preciso de muita coragem para demonstrá-los.
Preciso amigo, ter força para suportar o olhar de morcego dele, preciso de coragem para fazê-lo parar de me encarar.
Terei força para ficar sozinho mais ainda, porém preciso coragem para pedir apoio às pessoas que gostem de mim.
Tá na hora de força para amar, e preciso coragem para ser amado por alguém que valha a pena, vale a verdade.

Berlusk!
Que Deus me dê muita força para sobreviver, e coragem para viver em paz.
Faltam-me a força e a coragem e; queira Deus que o mundo possa abraçar-me hoje com seu calor e amor.
... e que o vento traga-me uma voz que me diz que há  sempre um amigo em algum lugar do mundo desejando que eu esteja bem e sei que o Senhor me quer bem,disto eu sei...

Meu abraço e bom dia
Uschuaia Dean

03 de Fevereiro 2012

TANTOS OUTROS

FOTO ARQUIVO 2012




TANTOS OUTROS





Mimi e amigos Carl e Duda Barro Preto... Priminha!



Fab, Pin e Dé!



Mar, Elias, berto e Cau.



noel e Lu...



E tantos outros!







- Sim, trinta e um anos, sim, trinta e um anos já passaram por mim desde que vim para BH, ainda menino, sem muitos sorrisos mais os que eu pude ter, talvez valessem a pena.



Já fiz muito coisa errada, e outras tantas certas, agora chegou a hora de parar e refletir, talvez não lutar mais, apenas sentar e aprender.



A cada frase que me machucou nesses últimos dias, a cada sorriso que buscou me iludir, não sei talvez tudo isso tenha me feito parar de uma vez e pensar, se tudo isso vale a pena, se realmente o que vale é lutar... Será que queremos realmente algo com tanta intensidade que nada mais importa, e será que vale a pena apostar tão alto em algo tão incerto? ...



Como um dia eu escrevi se um dia eu pudesse voar talvez tudo fosse tão mais simples, mas o que eu quero dizer com voar, talvez muitos tenham apenas lido sem pensar, e nunca entendido o que eu quis dizer com voar...



Voar não é só bater asas, é poder muito mais do que isso ser livre e poder se realizar de alguma forma, da sua forma isso é meu voar.



Por que temer algo que sabemos que um dia irá acontecer, não importa irá acontecer, talvez não haja como prever nem evitar mais são mais do que certo irá acontecer. Em trinta e um anos tudo parece passar rapidamente, e às vezes em um minuto tudo passa devagar, talvez nos trinta e um anos que passaram por mim eu não soube aproveitar, chorei mais do que eu deveria, me isolei mais do que eu não gostaria, fiquei triste e só, e tudo por mim fez-se passar devagar.



Como eu queria poder mudar tudo isso de uma vez, ser feliz sempre sorrir e aproveitar sem receio do outro dia, mas as coisas são assim mesmo devagar e um pouco tristes, pelo menos pra mim.



Nesses últimos meses pra ser mais preciso, nos últimos 07 meses que passaram, muita coisa mudou na minha vida, meu jeito de pensar de agir até mesmo de falar, fiz uma imensa besteira em me abrir pros outros, coisa que eu temia e temo mais que minha vida, nunca fui de falar de mim pra ninguém sempre com um escudo, eu nunca ousei me descrever ou falar de mim pra ninguém. Não sei o que deu em mim, eu falei demais nesses últimos 07 meses, e agora é hora de calar de uma vez e nunca mais falar, não importa minha vida. São apenas trinta e um anos "vividos" de um modo apenas diferente, agora devo tentar voltar as minhas origens voltar a minha casca, pois de lá eu nunca deveria ter saído para cá. Como diz a musica... Eu não sei pra onde eu vou, mas eu sei que aprendi muito com tudo isso com minha vida de pingo, agora talvez seja a hora de usar tudo que aprendi em algum lugar " algum lugar que só nós conhecemos" ,talvez dentro de nós , talvez fora de nós, em fim chegou a hora de mesmo sem nenhuma asa tentar voar, voar de alguma forma ir embora e quando for possível voltar...



Quero que respeitem minha decisão, sei que são amigos, pessoas que gostam e admiram-me, mas não posso que vivam a mercê de meu buraco negro... Quero levantar a cabeça e seguir a luta, pois sei que sairei desta e para melhor. Só não sei quando, mas um dia volto a sorrir de verdade com vocês.



Quando der apareço no Casão na terça e quarta apenas, pois não posso mais viver as ingratas surpresas que me vivenciei...



Adoro vocês, vou recorda-los, vou escrever para vocês, não enviarei nada de hoje em diante, mas um dia quem sabe a fênix renascerá... Tenho fé, terei força e lembrarei-me de vocês.



Obrigado por tudo, um beijo grande com carinho e tudo de bom a todos.



Terei juízo daqui para frente...



Com carinho



Dean



27 de fevereiro 2012

ISTO PODE SOAR COMO UMA CANÇÃO DE ABANDONO.

                     FOTO NOITE DE CARNAVAL EM MONTEVIDEO
                                                  JANEIRO 2012

ISTO PODE SOAR COMO UMA CANÇÃO DE ABANDONO.

Não, depois de amar aquele vagabundo não consegui me envolver com ninguém!
Que importa se as ruas estão cheias de homens e rapazes esbanjando beleza e promessa ao alcance da mão?
Sem alguém que valha a pena dizer meu amor ;é intensa e sem remédio a minha solidão.

Era tão fácil ser feliz quando estavas com ele!
Quantas vezes, sem motivo nenhum, vi o rosto rindo feliz, como um guiso naquela boca que tanto beijei?
E todo momento mesmo sem beija-lo eu estava beijando-o com as mãos, com os olhos, com os pensamentos, numa ansiedade louca!

“ Nossos olhos, meu Deus! Nossos olhos, os meus.
nos teus,
os teus
nos meus,
se misturavam confundindo as cores
ansiosos como olhos
que se diziam adeus...”

Não via adeus, no entanto, o que estava nos olhos dele e nos meus, era êxtase, ventura, infinito langor.
Era uma estranha, uma esquisita, uma ansiosa mistura de ternura com ternura no mesmo olhar de amor!

Ainda ontem, cada instante era uma nova espera...
Deslumbramento, alegria exuberante sem limite...

E de repente,
de repente eu me sinto triste como um velho muro
cheio de hera
embora a luz do sol num delírio palpite!

Não, depois de amar aquele sujeito nunca mais amei ninguém!

Podia até morrer,
se já não há belezas ignoradas.
Quando inteiro o despi,
alegrias incalculadas
depois que o senti...
Depois de amar assim, como um deus, como um louco,
nada me bastou, tudo era tão pouco...

... eu devia partir para bem longe daqueles olhares de morcegos cegos.

Uschuaia Dean,posta no domingo 22 de Janeiro 2012

O SENTIDO É QUE FAZ!!! BERLUSK


Foto Internet
2012

Berlusk

Ás vezes, eu percebo que a minha busca é a mais idiota das buscas, finjo ser algo que apenas gostaria de ser, mas no fundo sei que não sou. Sim, eu estou perdido nisso tudo, sim eu não sei mais o que eu sou tão pouco pra onde eu quero ir, não sei se digo verdades, não sei se digo mentiras, pra falar a verdade eu nem sei se eu existo. Mas se eu não existo, então por que meu coração dói? Por que eu sinto como se minha alma estivesse sendo transpassada por um punhal? Por que às vezes eu não consigo respirar? Não sei, e quem sabe não é? Ás vezes tudo faz um pouco de sentido outras vezes é o sem sentido que se faz, às vezes. Eu não entendo o porquê de eu ainda mentir pra mim mesmo, eu não entendo, se eu sei que é tudo ilusão, então por que eu ainda minto. Talvez tudo isso que chamam vida, pelo menos pra mim não exista, talvez eu nem se quer exista, e ao invés daqueles carcarás do Quintal serem os fantasmas eu é quem sou .
Preciso mudar de trampo, decidi não passar por coisas que tenho passado tanto na agência ou fora dela e quando puder viajar, vou sozinho, sofro menos, muito menos. Se um dia eu pudesse voar , voaria ,voaria pra bem longe deste lugar, longe desta vida que não é minha, longe desta alma que não me pertence, longe , pra bem longe eu voaria, voaria pra bem longe, e nunca mais eu voltaria, ao mesmo tempo, como todo bom geminiano sou tão grato à existência quanto possível - pelas pequenas coisas, e não somente pelas grandes... Simplesmente por estar respirando. Nada tenho a reivindicar a existência; assim, tudo o que é dado é uma dádiva.
Gratidão e reconhecimento, este é meu estilo. Sou grato a todos. Se as pessoas compreenderem a gratidão, ficarão gratas por coisas que foram feitas positivamente e até por coisas que poderiam ter sido, mas que não foram feitas. Sou grato por você que me ajuda muito - esse é apenas o começo. Depois começo me sentir grato por alguém não ter me prejudicado mais ainda, ele poderia... E foi bondade da parte dele não ter me prejudicado mais, ter saído de minha vida num momento importante de minha vida.
Uma vez que entendi o sentimento da gratidão e permitido que ele se aprofundasse em mim, comecei a me sentir grato por tudo. E, quanto mais grato sou, aprendi a queixar e resmungar menos. Uma vez desaparecidas todas as minhas queixas, a infelicidade desaparecerá,creia. Ela existe com as queixas, está enganchada nas queixas e na mente queixosa. A infelicidade é impossível com a gratidão. Esse é um dos segredos mais importantes que preciso aprender. E você mostra-me sempre coisas que me fortalece só que nãos ei se minto ou se aceito as mentiras como verdades, não sei lidar com este lado mentiroso meu... Nunca estou pronto a recomeçar, falar é fácil dá o pulo no escuro me apetece e muito...
Meu abraço
Uschuaia Dean, 07 de Janeiro 2012

De volta tinjo meu momento opaco...

FOTO AQUIRVO PESSOAL
2012


...E se uma noite eu pudesse voar... e se uma noite eu tivesse asas, e se uma noite eu descobrisse ser  mais que um anjo, ou seria também um demônio...tudo isso em uma noite queria...Mesmo que fosse numa mesa no HI FI regado a cerveja e olhares...
Mas, agora ali, O Meu Quintal Favorito é algo proibido... Não quero trombar com carcará sanguinolento e covarde... Muito menos que me veja...Não merece ver uma pessoa tão especial e bonita como eu...

            De volta tinjo meu momento opaco...

Passaram-se 35 meses, e foi incrível tudo que não aconteceu.
Em 35 meses baixou-se o escudo protetor da sua real personalidade,
Sua máscara caiu... Seu silêncio covarde aportou pelas mesas dos bares 
Achava que este seu lado covarde, seu verdadeiro ego seria entendido, porém este foi odiado.
Ninguém gosta da verdade 24hs por dia ao seu lado, ninguém.
Os meses acabados passaram e deixaram suas marcas, as lagrimas caídas secaram, e agora não resta mais nada.
Nem raiva, nem rancores, nem magoas... Você não faz mais parte de minhas insônias...
Assim como a natureza muda e aquela nuvem muda de lugar, nós mudamos e eu não deixei de mudar, virei às costas para você ontem, pois para mim não existe mais raízes capazes de me fazer olhar em teus olhos...
Fiquei puto, pois não quero que me veja mais, que se esqueça de mim feito uma foto antiga num daqueles álbuns escondidos no fundo do guarda roupa empoeirado e mofado...
Sua alma mofou, seu coração fechou, seu ser castrou vidas e sua boca secou sendo umedecida por cervejas dementes e por esperanças falsas e com limites...
Enfim foram "bons" os dias sem a sua mascara, foram "bons". Mas agora é hora de me recolher, cobrir o rosto com a minha mascara e de novo me esconder de ti. Hoje tenho é medo de ti, de suas insanas e bruscas atitudes.
Não ganhei nada nestes anos, mas perdi muito. E agora não quero perder mais.
Volto a minha mente que também é minha prisão, volto a este momento opaco e tinjo de esperanças a minha vida, tranco de uma vez este peito e quebro a chave do coração.
Enfim de volta ao meu cantinho quase feliz e sem o seu falso sorriso, pois sei que mereço ser feliz.

Postado amargamente por Uschuaia Dean, Sábado de Muito calor, 11 de Fevereiro 2012.

BERLUSK - Óx, o que sei que não vale a pena sentir que ele me vê



                                                          BERLUSK.

Sobre o Óx, o que sei que não vale a pena sentir que ele me vê e ainda sonha,tem tesão e  me deseja.
Amei muito,mas agora os tempos são outros e sentimentos a gente não domina, quisera eu ser reversos ou encontrar pouso no verso e nas entrelinhas que fica na memória a cada dia que vai passando.
O ontem ainda viaja comigo e às vezes decolo sem destino, tendo como bússola os sentimentos, tentando me afastar, pois ali está um carcará que não mais consigo admitir que amei até quando me traia e me sacaneava.
Voo nas asas de um poema por pura cisma ou sina tudo é além do infinito daquilo que fui e senti... Pobre Herodes...
E quando escorrego de uma linha e um verso não consigo encontrar sou chão partido, sou teimosia,sou angustia,sou tristeza, mas como não tenho tendências suicidas sigo em frente após outra noite mal dormida de verão forte e cansativo.
Poço sem fundo, sem pista para pousar, e nas noites agora jamais sonhar com ele. Quero outro alguém, um beijo roubado, o coração partido por alguma suposta distancia, mas sou amor da cabeça aos pés, como diz a Grande Zizi Possi em uma de suas canções...
Desintegro-me e tudo são pó e poeira de mim e que o vento leva o vazio, o vulto vago, coração vadio, ventania, alforria.
Vão meus dias vazios, vãos sem poesia,mas tenho a sua companhia .

Aquele abraço
Dean

SEUS CABELOS BRANCOS...

                                     
                                   SEUS CABELOS BRANCOS...

Aos amigos hoje e ao Senni dedico esse conto e a certeza que para tudo existe um recomeço... É exemplo para mim que vivo uma fase complicada, delicada, mas na luta por dias melhores.
Meu amigo Senni faço essa homenagem baseado na sua vida imaginada, poderia ter sido a sua realidade, a minha de tantos amigos.

         SEUS CABELOS BRANCOS conta a história de um rapaz que, na primavera da vida, apaixona-se por um homem bem mais velho e decide reencontrar o inverno ao lado dele.

  ... O ENCONTRO

Senni sentia-se sozinho e chateado naquela tarde de sábado. A cabeça estava na mãe doente e na vontade de está com uma pessoa especial. Queria conversar com alguém. Por isso entrou na internet, naquela sala de bate papo. Então ele apareceu. Entrou como Anônimo. Foi direto ao dizer que procurava conversas, mas Senni queria papos excitantes e sexo virtual. Roberto não chegou a se escandalizar, pois não era o primeiro deste tipo que encontrava. Fosse noutra ocasião provavelmente teria corrido. Mas até dar assunto para um conquistador internético era melhor do que continuar sozinho naquela primavera.
Senni insistia em seu propósito. O anônimo esquivava-se, sem, entretanto, lhe dizer um não direto. Envolveu-o num jogo de oferecer e negar, de atiçar e recuar que o seduziu ao mesmo tempo em que se sentia seduzido... Quando ele saiu da sala virtual, Senni continuou pensando nele... Percebeu-o um homem culto, inteligente e perspicaz. Imaginou aqueles cabelos, o corpo pedindo afeto e carinho, um senhor que mexesse com o libido e o fizesse feliz para sempre. Teria gostado de conhecê-lo melhor. Quem seria ele? Explicara que usava de reservas porque era casado e não revelar essa atração que tem pelo mesmo sexo... Mas seria só isso?
Como Senni frequentava a sala de chat sempre com o mesmo Nick, dois dias depois, ele reaparece na sala e fala com ele. Conversaram como velhos amigos e quando ele se vai, a impressão inicial se confirma: dava-lhe imenso prazer teclar com o anônimo.
E houve um terceiro, e um quarto encontros. O clima de reservas, mas de muita sinceridade, mantinha e atiçava o interesse. Era excitante invocar a fantasia para tentar adivinhar quem poderia ser aquele homem que chegava carinhoso, carregado de tulipas virtuais, e se mantinha no anonimato...
Aos poucos vêm à tona algumas informações deles, mas respeitavam-se, não perguntando mais do que o outro contava, apesar de se terem dito mutuamente que gostariam de se conhecer melhor! As conversas eram prazerosas, para ambos, que sabiam usar de sutileza e sensibilidade, jogando com palavras e com emoções.
Mas um dia Senni deixou escapar uma informação sobre sua cidade, e ele começou a fazer perguntas, e acabou que se apresentaram: Roberto, aposentado, 70 anos. E também se apresenta: Senni, Comerciário, 25 anos. Eram da mesma cidade o que facilitou o papo.
Pronto, acaba-se o mistério! Só que o encanto não. Os encontros continuaram acontecendo, agora mais explícito um perguntando para o outro aquilo que antes ficara em aberto, desfazendo as dúvidas, preenchendo as lacunas... E foram se conhecendo cada vez mais. O prazer, então, consistia no desvendamento mútuo. E cada vez mais um gostava do que via no outro...

   ...O MUNDO VIRTUAL.

Os encontros virtuais entre Senni e Roberto aconteciam nos intervalos de tempo que ele dispunha no trabalho, ou em casa, nas ausências da família. Senni acessava apenas de casa, onde trabalhava não havia jeito, e na ausência do chefe, tentava acessar, mas não encontrava Roberto. Nem sempre os horários combinavam. Era uma limitação, mas o desejo de estarem juntos e conversarem, fez que criassem uma nova rotina, e o intervalo do horário de almoço se tornou o momento de encontro...
Nestas ocasiões, o tempo lhes parecia adverso. Os minutos voavam sem que eles se dessem conta. Os assuntos eram inesgotáveis. Sempre havia algo mais a comentar, a esclarecer, a indagar. E as despedidas, então, sempre um queria dizer um tchau a mais, fazer uma recomendação, expressar uma frase de carinho...
Como aliados fiéis contavam com o correio eletrônico, que conduzia rapidamente as mensagens, permitindo que em tempo real pudessem manifestar um ao outro os sentimentos que afloravam. E o telefone, no qual se falavam regularmente.
E, além destas ocasiões, em qualquer tempo, havia o pensamento que frequentemente voava direcionado de um para o outro.
Se não bastasse o pensamento informal, adotaram outros sinalizadores para ativar a lembrança e o encontro mental. A lua cheia era um. Quando olhavam o céu com a lua brilhante e majestosa, sentiam-se unidos, onde quer que estivessem, sob a mesma paisagem e mesmo pensamento.
Tulipas era outro sinalizador. Senni, que até então nunca havia reparado na existência daquela bela e sofisticada flor, passou a notá-la e admirá-la depois que Roberto começou a cobri-lo de tulipas virtuais quando chegava para falar com ele e a dizer que via na flor a imagem de seu bem-amado.
Logicamente que, entre tantos outros assuntos, falavam da possibilidade de um encontro real, mas ainda como um sonho, apesar de plausível, pois a distância geográfica entre eles era de menos de 200 km, irrisória para os tempos atuais.
Cada vez que Senni embrenhava para esse lado, Roberto evitava o assunto e ignorava a proposta. Não se sentia ainda preparado e por isso adiava a possibilidade de se encontrarem frente a frente para um futuro, talvez não tão próximo...
E assim, enquanto as coisas não se encaminhavam para o presencial, a imaginação e a fantasia faziam a festa no virtual...

... SEXO VIRTUAL.

Senni pensava em Roberto constantemente. Ele passara a fazer parte de sua vida e de seus pensamentos, de seus sonhos e de suas fantasias. Do homem misterioso que inicialmente o atraíra pelo anonimato, Roberto ganhara um local no seu coração pela perspicácia, pela transparência, pela acolhida que revelava. Seus pensamentos convergiam e muitas vezes casavam. Bastava um pensar e outro expressar, quando não escreviam ao mesmo tempo mesmas palavras. A impressão era de que se conheciam desde sempre.
Claro que havia diferenças entre eles, especialmente vivenciais: Senni era direto e imediatista. O tempo lhe ensinara que cada dia é um dia para ser vivido plenamente. Roberto era mais contido e preferia adiar as decisões sempre para frente. Para Senni o tempo era um inimigo implacável. Para Roberto, o tempo era o amigo que tudo resolve...
E apesar de não chegarem a um acordo sobre a função do tempo nas suas vidas, concordavam em tantos outros aspectos... E a relação continuava, fortificada pelos encontros frequentes por chat, por telefone, por mail... Assuntos nunca faltaram. Conversavam sobre tudo que se referisse a eles: Família, atividades, acontecimentos, crenças, pensamentos, fantasias, aspirações e até futebol...
Casado fazia 35 anos, Roberto afirmava estar em plena forma sexualmente e sentir mais necessidade de relações sexuais– em climatério – oferecia, o que o levava a lhe ser infiel. Solteiro convicto, Senni sentia-se insatisfeito com sua vida sexual, não pela frequência, mas pela falta de criatividade do parceiro. Não se sentia feliz.
Senni, cuja primeira motivação era sexo virtual, já não insistia nisso, pregando que deveria acontecer se ambos quisessem. Deixara claro que ele queria. Quando Roberto quisesse... Então aconteceu, cinco semanas depois do primeiro encontro, como consequência natural das conversas e dos sentimentos que os dominava. O que os uniu mais ainda...
Roberto e Senni sentiam-se profundamente envolvidos. Havia algo muito forte que atraía e impulsionava um para o outro... Isso era maravilhoso, mas também era motivo de questionamento!

... ENFIM, O REAL.

 O tempo foi passando. A relação ia se tornando mais intima e intensa. Como Roberto insistisse em não querer misturar internet com vida real, até então nenhum plano havia sido cogitado envolvendo futuro. Só que a situação começou a se tornar insuportável para ambos. Precisavam de um encontro real. Precisavam se olhar nos olhos e descobrir o que os fascinava daquele jeito, o que os atraía como imãs de polos iguais.
Enfim, Roberto concorda, e ele se propõe vir até Belo Horizonte. Um amigo de Roberto possuía apartamento ali – inclusive bem próximo do local de trabalho de Senni – e que raramente usava. Poderiam utilizá-lo.
Ainda um tanto relutante, Roberto concorda. Já que circunstâncias os estavam favorecendo, por que não aproveitar? Combinam tudo detalhadamente.
O coração dele batia muito forte naquele final de tarde de setembro, dirigindo-se para o local marcado, na entrada de Shopping Cidade. Nos dias que antecederam, passara por uma crise forte de dúvidas e inseguranças. Mas finalmente sentia-se preparado. Sabia que ia ao encontro de alguém que lhe era especial e qualquer coisa que acontecesse entre eles, se daria com o consentimento mútuo. Isso fizera serenar seu espírito, embora o coração não lhe obedecesse para bater menos forte...
O coração de Roberto também batia descompassadamente, esperando-o. Seus olhos analisavam ansioso, cada rosto de rapazes, estatura mediana, cabelos pretos, pele amorenada que passava. Sabia que logo Senni chegaria e poderia tocá-lo, beijá-lo, amá-lo... Fazia anos ninguém entrava na sua vida com tamanha intensidade e de início se achava um tanto idiota por isso. Mas acabou cedendo à paixão. Era tão bom sentir o corpo reagir, o coração disparar, o pensamento voar até Senni, e imaginar cenas eróticas qual um adolescente... Desejava-o tanto que a simples ideia de tê-lo a sua frente, como ser real, o deixava excitado.
Ei-lo chegando. Sorriu-lhe, olhando-o nos olhos.
- Roberto? - perguntou, para confirmar.
- Senni? - foi à resposta!
Um abraço forte selou o momento. Abraço que veio espontâneo, estreitando os corpos e extravasando a emoção. Lágrimas emocionadas brotaram sem que pudessem conter.
Caminham até o apartamento conversando tranquilamente. Quando a porta se fechou atrás deles, a vontade de Roberto era de tomá-lo nos braços e beijá-lo, mas sabia que teria que se conter. Sentam-se e conversam. Sentiam-se livres e à vontade na presença um do outro.
O braço por trás dos ombros deles, um carinho no cabelo, um toque de lábios, e aos poucos ele vai conquistando espaço, e Roberto entregando-se. Senni correspondia aos beijos ardentes, mas cada vez que a mão dele se insinuava, o impedia de continuar. Mas percebe a decepção e perplexidade nos olhos dele e então pensa consigo mesmo que o tem que acontecer, acontecerá. É só deixar as emoções fluírem.
Sentindo seu coração bater aceleradamente, Senni toma a iniciativa, unindo os lábios aos dele e conduzindo-lhe a mão em direção a sua coxa...

... A GRANDE DECISÃO DE SENNI.

Os dois apaixonados falavam-se diariamente, por chat ou telefone, aproveitando de todas as oportunidades que apareciam e sempre achavam pouco. Os encontros reais continuavam acontecendo, mas bem esporádicos. E por isso mesmo, eram ansiosamente aguardados e cuidadosamente planejados.
Roberto amava Senni e gostava de ficar com ele, mas sempre adotava uma série de cuidados quando ia visitá-lo, utilizando-se de desculpas plausíveis e insuspeitas para evitar qualquer coisa que pudesse magoar a esposa ou afetar sua relação com ela.
Senni, entretanto, já não fazia questão de justificar sua demora em voltar pra casa após o trabalho ou seu sumiço do expediente, quando Roberto estava na cidade. Mais do que tudo na vida, queria estar com o amado e uma ideia vai tomando forma na sua cabeça...
Senni sabia que Roberto não partilhava de seus escrúpulos e mesmo, não tinha certeza se os entenderia. Por isso, as reflexões e o amadurecimento de sua intenção aconteceram sem o conhecimento e participação dele. Sabia que a separação teria que ser uma decisão pessoal e livre, tendo como motivo que Roberto não era mais feliz com a esposa. O ter conhecido e se apaixonado por Roberto apenas poderia acelerar o processo da separação de Paulo, um velhinho que o acompanhava algum tempo. E depois, tinha certeza que o amante jamais deixaria a esposa para ficar com ele.
E se Roberto se sentisse traído, pensando ser uma jogada para obrigá-lo a se separar e assumirem um relacionamento público? E se ele se assustasse e sumisse de vez de sua vida? Mas eram riscos que tinha que assumir e enfrentar.

... ROMPENDO COM O PASSADO.

Senni chega ao apartamento dividido e organiza algumas roupas e objetos de uso pessoal em uma mala e fica a espera do telefonema de Roberto. Está nervoso. Não gostaria de ter que magoar o homem com quem vivera tanto tempo, que sempre foi bom, carinhoso e respeitoso para com ele. Mas não podia ficar enganando-o. Isso era pior do que não dizer nada.
Então, quando Paulo chega, ele comunica que está indo embora porque não se sentia mais feliz ao lado dele. Pego de surpresa, ele emudece, perplexo. Temendo perder a coragem, Senni aproveita a situação e sai da casa sem dizer mais nada.
Paulo não entende, simplesmente não entende o que estava acontecendo. Só sabe que Senni, tinha passado por aquela porta e ido embora de sua vida. Sente um vazio muito grande e pela primeira vez, em muitos anos, chora!
Sai do prédio enquanto dirigia até a pensão, onde já havia reservado um quarto, Senni luta contra as lágrimas que insistiam em descer abundantes, toldando-lhe a visão. Chegando ao quarto, cai na cama e dorme profundamente. Havia sido um dia cheio, cansativo e extenuante.
No ambiente de trabalho procura agir com naturalidade. Não comenta nada com os colegas. Afinal, ninguém tinha nada com sua vida, e o fato de ter abandonado o marido-gay não interferiria em sua atividade profissional.
Logo cedo, recebe o telefonema de Roberto para dizer que chegara bem, que fora ótimo o encontro do dia anterior e que o amava cada vez mais. Senni reafirma seu amor e nada conta de sua atitude. Esperaria uma ocasião propícia.
Paulo liga logo a seguir. Pede para conversarem. Ele reluta, não gostaria de encontrá-lo, mas não tem como recusar. E depois, se ele queria saber, a verdade era o mínimo que poderia oferecer-lhe!
Encontram-se no Bar da Praça, após o expediente. Ao ver sua fisionomia abatida, Senni perde um pouco da segurança. Mas sabe que não era momento de fraquejar. Para o bem de ambos.
Como ele se mantivesse em silêncio, Senni decide ir direto ao assunto:
- Paulo, eu estou apaixonado por outro homem. Sei que você não merece isso, mas não acho justo enganar a você e a mim mesmo, fingindo uma relação e um amor que já não existem. Você merece um cara muito melhor do que eu...
A eloquência dele o emudece. Percebe que tudo o que tinha preparado para falar iria soar no vazio... Diante de paixão, não tem como apelar para a razão. E ele não tinha mais o que fazer ali. Melhor silenciar e esperar...
- Tudo bem, Senni. Não posso obrigar você a me amar e ficar comigo. Sei que você pensou muito bem antes de decidir fazer o que fez. E está sendo honesto. Então, vá viver sua vida... Adeus!
Ele vai embora e lágrimas lhe brotam espontaneamente. Claro que doeu, afinal, foram 05 anos de relacionamento que acabavam, mas pelo menos aquilo estava resolvido.
Agora era seguir em frente, organizar-se e esperar para ver o que iria acontecer nas próximas semanas...

... O PREÇO DA LIBERDADE.

Os dias vão passando lentamente. Externamente, nada mudara. Continuava trabalhando, fazendo as mesmas coisas de sempre, e ao final do dia, ia para a pensão. Mas interiormente, sentia-se muito só. Por mais entediante e rotineira que era a sua vida ao lado de Paulo, pelo menos ele tinha companhia, vizinhos e vida social...
 Até que um telefonema de Roberto dá alegria ao coração de Senni e lhe provoca expectativas: ele previa uma visita para os próximos dias. Como ele ansiava abraçá-lo, sentir-se segure e protegido nos seus braços!
Encontram-se no final do expediente, e como sempre, vão para o apartamento desocupado do casal de amigos. Depois do sexo, ficam juntos, conversando, sem pressa... Como escurecera e Senni não fizera menção de ir embora ele a questiona.
Senni acaba contando que estava separado. E que agora poderiam ficar juntos o tempo que quisessem, sem se preocupar com horários.
A notícia tem o efeito de um balde de água fria na cabeça de Roberto. Era certo que amava Senni com toda a intensidade de seu coração. Mas não esperava por isso. Não lhe passara pela cabeça separar-se. Mas Senni o fizera, e não tinha dúvidas, era por causa dele.
Percebendo-o transtornado, Senni o abraça carinhosamente. Afirma que tudo continuaria como sempre fora. Que nunca cobraria nada e que se contentaria com aquelas horas que ele dispunha para estarem juntos.
Depois de inteirar-se dos detalhes de sua situação: onde morava, com quem, desde quando, quem sabia etc., recrimina-o por não lhe ter contado logo da separação.
Roberto concorda que Senni passe a noite com ele no apto, mas foi, para ambos, uma noite insone, cada um deles mergulhados em seus pensamentos e temores. Bem diferente da noite que sonhavam passarem juntos!
De manhã, Senni sai para o trabalho, deixando Roberto dormindo... Ou fingindo dormir. Vai com o coração pesado... Sente que ele não gostara nada do fato dele ter-se separado sem consultá-lo e, depois, sem comunicá-lo. Teme que ele decida romper a relação e se afastar dele para sempre.
Foi difícil concentrar-se no trabalho. A manhã termina sem notícias. E Senni não teve coragem de tentar estabelecer contato. A angústia se torna maior a cada volta do ponteiro...
No final da tarde Senni decide enfrentar a situação e quando ia telefonar, seu ramal toca. Era ele, pedindo para fosse ao apartamento depois do trabalho. Pelo tom de voz, percebe que o assunto era muito sério. E sente-se inseguro e temeroso. Mas sabe que, fosse qual fosse o veredicto que Roberto iria lhe impor, teria que aceitar e respeitar.
E neste momento lembrou-se de Paulo, e do que havia feito a ele... Agora era sua vez de acolher uma decisão referente à sua vida, mas deliberada exclusivamente por outra pessoa...


... TEMPO DE SER FELIZ.

Tocar o interfone, subir no elevador e entrar no apartamento, foram atitudes mecânicas. Só quando se viu frente a frente com Roberto, sendo acolhido de maneira carinhosa, foi que Senni conseguiu respirar mais aliviado e com alguma esperança:
- Eu refleti seriamente sobre tudo – ele informou. – Sei que sua decisão foi baseada no que sente por mim e não vou deixar você enfrentar isso sozinho. Eu vou ficar com você. Claro, se você quiser ficar comigo.
Os olhos dele brilham de alegria e um beijo apaixonado sela o compromisso entre eles.
Mais tarde daquela noite, Roberto viaja para Divinópolis, prometendo que logo retornaria, e definitivamente.
A rotina se restabelece só que agora cheia de expectativas. Roberto telefonava todos os dias, afirmando e confirmando seu amor, e prometendo que em breve tudo se arranjaria.
Em um destes telefonemas Roberto faz uma proposta irrecusável: lua de mel na Europa, com partida quase que imediata. Senni concorda feliz... Tinha certeza de que seria um tempo maravilhoso: romântico, e inesquecível...
Férias requeridas, passaporte em mãos, passagens confirmadas, reservas em hotéis na agência de um tal Guto... Em questão de semana tudo se arranjara e estavam de malas prontas para embarcar.
Foi na França, primeiro parada do roteiro, que Senni se quedou encantado com os jardins de tulipas, em quantidades que jamais sonhara ver juntas. Roberto deliciava-se com a juventude que Senni irradiava nesses momentos de euforia, e grato por ter aquele belo rapaz ao seu lado. Mas foi também ali que o primeiro incidente desagradável aconteceu. Um homem que vê o extasiamento de Senni lhe oferece tulipas. Senni aceita, admirado e feliz. Por não conseguir expressar-se verbalmente na língua dele, utiliza afetada linguagem gestual para agradecer, o que irrita Roberto, que fica resmungando e ao mesmo tempo alertando-o para tomar cuidado com o homem francês, famoso pela sutileza nas atitudes e conversas cheias de lábia. Senni percebe o ciúme emergente, e se esmera em carinhos. Aparentemente tudo volta ao normal.
Um segundo incidente se dá alguns dias depois, quando Senni prova uma camisa, que faz menção de adquirir e Roberto não concorda. Senni insiste, e ele se mantém inabalável. Senni tenta disfarçar a frustração, mas se sente magoado. Tem noção de que é Roberto quem está pagando tudo, e não pode negar que ele tinha sido muito generoso até então, incentivando-o para comprar tudo o que lhe agradasse... Até então Roberto o fizera sentir-se um rei... Por que agora lhe recusara aquela camisa?
Nem ele mesmo sabia o  por que... Gostava de mimá-lo, fazendo-lhe todas as vontades, mas quando o viu com aquela camisa sentiu-se atingido. Não que fosse feia muito pelo contrário: caia como uma luva no corpo de esbelto de Senni desnudando-lhe generosamente os ombros, deixando-a extremamente sensual.
Senni telefonava frequentemente para a família, e algumas vezes também falava com Paulo, com Mario,Carlos e enviava para a Prima abraços e  saudações, o que estranhamente não afetava Roberto.

Do mesmo modo ele também telefonava para a família. Senni até perguntara como havia transcorrido o seu processo de separação, mas sentindo-o reticente respeitou. O que importava era que ele estava ali com ele, os dois, e para sempre.
Tirando alguns outros pequenos incidentes, envolvendo ciúmes de Roberto, mas logo superados, a viagem e a estadia em cada local foram maravilhosas. Era tão bom sair com Roberto à luz do dia, andar de mãos dadas, namorarem-se em público, sem precisar esconder a euforia do estar junto, sem camuflar sorrisos e toques, ser um casal em cada momento e situação...

... ILUSÃO X REALIDADE.

Decidem passar a quarta e última semana no Brasil, onde poderiam descansar melhor. A viagem pela Europa, apesar de boa e aprazível, deixara-os cansados e ansiosos por um tempo a sós, para relaxar.
As primeiras semanas na Europa foram de euforia, mas à medida que o tempo foi passando, Senni se sentia dominado por uma melancolia incontrolável. Atribuem isso ao cansaço da viagem, pois ele mesmo se sentia assim, e pensou que a semana de descanso no Brasil faria com que Senni voltasse ao normal.
Alojados num aconchegante hotel-fazenda, usam o tempo para dormir e relaxar. Mas mesmo assim Senni não se sentia melhor. Perdera o gosto de ficar com Roberto, de conversar, de brincar, de rir... Até mesmo o sexo se tornou mecânico, e muitas vezes, sendo evitado com desculpas de cansaço, o que começou a irritar Roberto, e a deixar Senni mais ansioso ainda.
Na 6a feira, Roberto decide fazer uma longa caminhada pela mata circunvizinha do hotel, também para pôr em ordem seus pensamentos e sentimentos. Deixa Senni sozinho, que aproveita para também refletir seriamente na vida e no futuro.
Roberto caminha vigorosamente, sentindo o sol arder em suas costas, mas não liga... Um turbilhão de pensamentos o invadia e lhe tirava a paz.
Não tem como negar que Senni já não era o mesmo, e alguma coisa de muito sério estava acontecendo com ele. Amava-o mais do que tudo e queria que ele fosse feliz. E estava nítido que isso não estava acontecendo. Será que estava arrependido?
E Roberto, como se sentia com relação a tudo aquilo? Como homem prático, depois de ter assumido Senni não pensou mais nos próprios sentimentos. Mas não podia negar que sentia falta da rotina de sua vida ao lado da esposa, filhos e netos. Que muitas vezes lembrava-se deles com saudades, querendo estar lá... E talvez este sentimento influenciasse na atual relação, e atrapalhasse o convívio com Senni. Mas não tinha este direito. Senni havia deixado tudo por ele. Faria de tudo para torná-lo feliz.
Quando retornasse ao hotel conversariam e resolveriam tudo...
Senni tentou se concentrar no livro que tinha diante dos olhos, mas não conseguia. As palavras permaneciam sem sentido, por mais que as lesse. Seu pensamento voava longe. Pensava em Paulo e na história que escreveram juntos naqueles 05 anos de matrimônio que, se não foram perfeitos, foram muito bons. Lágrimas margeiam seus olhos. O que daria para voltar atrás no tempo e poder mudar o que havia feito...
Roberto era um ótimo homem, amava-o, mas era diferente. Com Paulo havia toda uma convivência, carinho... Por que fizera aquilo? Agora tinha que assumir o feito! Ele suspirou longa e profundamente. Faria Roberto feliz já que ele havia largado sua família por causa dele.
Quando Roberto voltasse iriam conversar. De maneira muito explícita dizer o que sentia e por que. Para que entre eles tudo fosse muito sincero. E que tentaria superar tudo para que tivessem uma vida tranquila e feliz juntos.

...A VIDA É FEITA DE RECOMEÇOS.

 À noite, após o jantar, Roberto e Senni sentaram-se frente a frente. Foi ele quem começou, pedindo desculpas pela sua impaciência, explicando que lá na sua cidade vivia rodeado pela família, tinha vida social, suas atividades e amigos. Que às vezes sentia falta de tudo aquilo. E que precisava de tempo para se acostumar a esta nova vida.
Senni, incentivado, fala das saudades que sentia de Paulo e dos parentes, da vida em comum, das saídas com amigos.
Mas que estava disposto a deixar tudo para trás e fazê-lo feliz.
Foi quando ele fez a pergunta que poderia alterar a vida de ambos para sempre, mas que não podia ser calada:
- Você está arrependido, Senni?
Ele ia argumentar, mas Roberto o segurou fazendo que olhasse nos seus olhos:
- Sem pensar em impossibilidades... O que o seu coração está dizendo agora?
Olhando bem dentro daqueles olhos azuis, Senni não tinha como mentir. E nem quereria fazê-lo:
- Que gostaria de estar em casa, ao lado de minha família... – fala, com certa vergonha... – Mas olha, é só um...
Ele não deixou que Senni continuasse. Abraçou-o forte.
- Também estou me sentindo assim, Senni. Sinto tanta falta do meu pessoal!
- Mas venceremos isso, tenho certeza! – ele diz, com convicção.
- Você quer mesmo superar? – ele perguntou.
- Claro Roberto... Estou com você, e quero ficar com você! – ele sabia que era esta a resposta mais decente. Mas não tinha tanta certeza disso!
- Senni, querido! Eu amo você e por isso mesmo, acima de qualquer outra coisa, eu quero lhe ver feliz. Se você tem alguma dúvida de sua decisão, talvez não seja tarde demais para voltar...
Ele viu em seus olhos um lampejo de esperança. E compreendeu. Uma pontada no coração lhe anunciou que sofreria de perdê-lo, mas ele também tinha pra quem voltar. E de maneira mais serena do que Senni. Afinal, dissera à família que precisava de um tempo para ficar só e pensar na vida, e nada falara de separação ou outra mulher. Para ele seria chegar em casa e partir para o abraço. Já com Senni, seria mais difícil. Mas não impossível...
- Voltaremos amanhã e estarei ao seu lado pra tudo que precisar... E se não precisar, saberei sair de seu lado e deixar que siga seu caminho! – ele conclui, beijando-lhe a testa.
Ambos telefonar foram. Senni escutou Roberto conversando com a esposa de maneira carinhosa, falando de saudades e certezas.
Senni diz a Paulo que sentia a falta dele e que agora começara a ver as coisas com outros olhos. Que gostaria que ele o escutasse.
Na manhã seguinte fizeram um passeio a cavalo juntos. Depois almoçaram, arrumaram as malas e seguiram até o aeroporto, onde embarcaram em voos diferentes. Desejam-se boa sorte mutuamente, e recomenda-se, meio na brincadeira, juízo.
Roberto encontra a esposa à sua espera, no aeroporto. Quando ela lhe pergunta como estava, responde que “em paz”... E era isso que lhe ia ao coração. Paz! Sabia que havia tomado à decisão certa!
Paulo esperava por Senni no portão de desembarque. Ao vê-lo seu desejo era de abraçá-lo e lhe pedir perdão, mas sentia medo. Foi quando Paulo o viu e lhe sorriu, abrindo-lhe os braços em acolhida. E Senni não teve dúvidas... Estava em casa novamente...
                                         
                               FIM


                Postado por Uschuaia Dean Segunda 27 de Fevereiro 2012.