sábado, 2 de junho de 2012

FIM DE FLOR


                                
                                  Foto:Arquivo pessoal 2012

 Neste leito perene o paulatinamente... Matar Flor!
Minha imaginação secou, minhas ideias coagularam para a eternidade, dos meus olhos restam duas pedras D’água salgada; minha cabeça nada mais é que o casco ermo onde habitou não sei em que tempo distante, uma alma viva e apaixonada nestas aventuras noturnas de Flor.
Onde um turbilhão de coisas se revolvia continuamente na minha calma rotineira
Por entre ondas de paixões intensas e de sentimentos nobres que reviviam os valores que serviram de motor para a grande história da Historia da humanidade desta Flor que não vale uma migalha de pão dormido.
Já nada vejo mato Flor com um corte profundo no pescoço, assim ele nunca mais beijará Dom,Heliodora e tantos ratos da madrugada e neste espelho em frente nada refletem,alias já nem se percebe onde está essa camada refletora de todos aqueles momentos que me fizeram vibrar no meu casulo ensanguentado.
Resolveu e nos cumprimentou de longe, vistosa com a mesma calça jeans, o mesmo tênis branco da Nike e uma bonita camisa em listas horizontais meio metralha, mas outra,parecendo nova,podendo ser algum presente de aniversário, de Dôra ou DoNA...
Soltei-me a língua por entre os lábios teimosos, libertando a saliva lá do fundo, afinal Flor e Carcará no mesmo Quintal é demais para mim, sorrisos marotos e sádicos a cada gol que o Galo tomava do time do  Santos... E o francês já gasto das minhas palavras, antes era sedutor a cada um que ofereço à viagem a França, e enquanto observava os outros amigos em marcantes gargalhadas soltando para o mundo recebendo braços abertos, com as costas voltadas para o meu lado, mas isso era então todo indiferente, tão longe de tudo aquilo que importava para eu me sentir vivo.
Em vão procuro sentir minha voz, outrora limusine do meu pensar, caiu no abismo perene das entranhas culturais, deste nada que te aprisionou a alma e que vendeu o corpo ao grande fim, sem me conceder o direito a um ultimo adeus.
Flor que poderia ser ninfa do sonho, que sustentam a vida das almas errantes, pensa iludida saber viver, tanto nas filosofias dos mistérios do mundo, como nos prazeres adocicados, que nos embriagam o corpo num deleite energético que nos prende a vida.
Tudo desapareceu, ainda ouvi dizer ao Marquinhos que iram ao Mineiro Bill numa festa...
E eu fiquei para trás, num tempo quebrado, perdido, no vácuo deste insólito nada, que de abismo em abismo, de tudo se apodera, sem moderação chega à gananciosa morte, sem jamais ter vencido!
Nem sequer um adeus ou uma oportunidade para rever e abandoná-la, destituído de mim, prostituiu vida para engrandecer esse usurpador que na ultima página cunha a sua odiosa marca: Flor do mal!
E se foi.
Do mesmo jeito que a conheci,
Como se nunca estivesse aqui.
E morreu
Do mesmo jeito que nasce
Como se nunca quisesse que estivesse aqui.
E dói.
Do mesmo jeito que doeu,
Como se fosse difícil aceitar de volta a condição de isolamento.
E arrancou.
Do meu coração a metade das palavras
Só pra não me deixar esquecer que, um dia, aquilo foi tudo o que eu sempre quis brincar.

FIM.

Ushuaia Dean 17 de Julho 2011- Belo Horizonte/MG.

PRIMAVERA DE FLOR



 Flor é mesmo falsa e perigosa, mostra um caráter duvidoso e meio psicopata. Só tem olhos para aquilo que lhe convém, quem lhe seja algo que possa tirar algum proveito...A noite de sexta foi razoável, estava com Marquinhos Moreno, Dudu Lana e Marco Lan Lan,e posteriormente o Ricardo,um papo legal,até chegar Bodinho e Noel que acertaram-se e voltaram a viver juntos,pegaram uma mesa em nosso lado.Eu acabei ficando quase preso entre uma cadeira e outra,assim aos poucos chegaram Juca.F,Dona Flor no modelito básico de sempre ,um tênis branco,igual ao meu da puma e aqueles sorrisos,abraços e bebedeira..Flor me ignorou totalmente e fazia questão de exibir um cordão horroroso de prata,coisa de nego, as vezes saltava altos gritos e sonoras gargalhadas.
Estava solto enquanto DoNA não chegava e disse que furaria os pneus dos carros do pessoal que não fossem ao niver dele neste sábado lá na favela. Palavras de Flor que perto da casa dela, acham cerveja e carne barato... E por instantes soltava sorrisos e palavras ao vento. Em algum momento disse que se morresse queria que tivesse cheio de mariconas para acaricia-la e que gosta tanto de homens como o pessoal de batatas fritas,que daria para todos de bom agrado...Ouvia as palavras insanas de Flor e bebia um gole de cerveja.Fingia não ouvir nada e os amigos achando graça daquela coisa que só sabe rodopiar os olhos.
Noel bem ao meu lado às vezes puxava papo e interessou na minha história da viagem a Paris. Ficou animado e passou ao Bodinho que também gostou do roteiro e do preço da viagem. Passei uma copia ao DoNA e Flor nem quis saber. Naquele momento realmente imaginei que Flor não sabe ler, é analfabeto da silva, de pai e mãe...
Então pensei em fazer uma lista de gente que não vejo a muito tempo, dos que vejo todos os dias, daqueles que não encontro mais e tentar entender porque muitos desistem de sonhar, outros que vivem de amores jurados e imagino quantos conseguimos preservar...
Flor fingiu mais uma vez e entre outros olhares será que ainda se reconhece como gente de verdade?
Na fala passada ou no celular de agora, estaria só fingindo?
A noite seria do jeito que achou que seria ignorando ou imaginando quantos amigos que jogou fora.
Será que me imagina em mistérios que eu a sondava?
Quanto tempo conseguiu entender-si?
Qual será o segredo que eu guardo e seria eu bobo sem ninguém saber?
Quanta mentira contava e teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo?
Eram o melhor que havia nele?
Quantas canções que você não cantava?
Hoje assobia pra sobreviver...
Quantas pessoas que você se dizia amar
Hoje acredita que amam você?
Enquanto citava  Fréderic Auguste Bartholdi que desenhou a estatua da Liberdade. Gustave Eiffel projetou a Torre Eiffel, a própria Estatua da Liberdade e o Cristo Redentor, Flor deu uma sonora gargalhada... Ignorante total, afinal nunca imaginou que o Cristo do Rio de Janeiro fosse presente do Governo Frances. Aliás, ali na mesa o Dudu  chegou a arregalar os olhos, este coitado com aquele português de fundo de quintal, jamais entenderia mesmo sobre o elevador curvo da Torre Eiffel.
Sou meio analfabeto, mas coloco essas bichas pobres e micheteiras no bolso...
+ P.S – Peça perdão a Dona Helena por mim. Estava tão aéreo, fulo por ter dado errado o meu pedido de entrevista de visto para os EUA que acabei não me sintonizando...
Por favor, foi um lapso de memória que me detonou geral...
Abraços e ótimo sábado...
Ushuaia Dean
Madrugada de 02 de julho 2011

Quando um homem quer o outro homem do quase outro, quase muda o mundo!


                        FOTO:ARQUIVO DEAN 2011

Não sei se me sentaria com Flor à mesa. Também não será por isso que vou deixar de beber meu chopinho no HI FI.
A noite ainda está fria e eu continuo sem entender as palavras que estupidamente dizem tipo:
 - Tenho de ir! Não liguem! Assim como é de mim gostar de Ti e que mais uma vez, estupidamente, insisto em tentar entender.. São palavras! Delicio-me com esta incógnita e por artes mágicas tento fazer sair de uma cartola já mais que usada um estúpido de um coelho branco. Branco, sim! Talvez porque o branco signifique Paz! Paz como eu preciso dela, mas tu fazes conta que nem sabes o que é! E depois um coelho branco não é branco só se estiver sujo.
- Quem é aquele que estava sentado ao teu lado?
- Um amigo meu!
Curiosidade? Hum. Tal que matou o gato? Neste caso deu cabo do pobre do coelho!
- Vai a Estação 2000?
- Porque não?
Mas que pôrra eu vou até ao fim do mundo seja ele onde for!
Este lado mais suave da vida faz-me sonhar e prometer que não farei mais perguntas como:
- Incomoda-te que eu goste de ti?
Tens razão! Não, não és tu é ele! É quase como perguntar: Deixas? Posso gostar de ti?
Estúpido! Devo ser parente do pobre do coelho, só pode.
Penso que vou deixar de pensar no que penso porque o pensar no que penso faz-me levar a pensar o quanto estúpido é pensar como penso! Por outras palavras: Era melhor deixar de gostar de ti porque gostar como eu gosto não faz sentido se tu não gostares de igual modo ou parecido!
O cinzeiro cheio de cigarros que arderam sozinhos! Um gato que me "chama" pra eu ir dormir! E um estúpido querendo beber uma com a gente, mas nossa mesa só tem amigos! Normal seria ter um crucifixo. Com Cristo dependurado ou uma imagem de alguma Santa que me "guardasse! Mas não ! Tenho uma caneca de chope e até provar a mim próprio que estou errado por lá vai ficando Flor insistindo em sacanear, embora eu já o tenha afirmado: Não gosto de vodka !Flor insiste e penso comigo...Filho da Puta...
O jantar estava divinal e até me custa a acreditar que tenha saído gostoso o bife. Saiu!Olhares e continuamos a jantar, eu, Marquinhos e Dudu.
 Vou chegar em casa lá para as 23 horas, mas obrigado. Nem penses em repetir o convite.
A Flor estava lá! Como é chato quando ele vem e, sobretudo quando arregala os olhos comigo. Ele tem razão. Só faz perguntas idiotas que merecem respostas mais idiotas ainda.
Continuamos o nosso papo. Tive a noção que muitas delas vão arder. Arderam, sim! Reduzi-las a cinzas imaginei. Dizem que papos furados viram cinzas. Não me perguntem por que, que não sei.
Tive esperança, idiota que sou, de que chegasse uma mensagem do cara que me paquerava. Continuo a sentir, o que é diferente do que pensar, o que me leva a continuar quando a vontade de não seja é mais forte? Mas que merda se é isto que se dá o nome de Amor? É? Será? Já amei e não foi assim. Que se lixe afinal a parmegiana está uma delícia e não vou deixar de beber café ou tão pouco deixar de chope por que:
 - Quando um homem quer o outro homem do quase outro, quase muda o mundo!
Enquanto fico à espera que assim seja.

Até já.

Uschuaia Dean,08 de Julho 2011 – sexta feira

Não se surpreenda


Não se surpreenda

Achei que a quarta não  existiram tantas mudanças repentinas no meu Quintal Favorito.. O jogo das marias azuis colocava todas as pessoas ao redor TV, parecia pareciam ligadas a algum fato universal, meio inacreditável, tamanha era a sede delas, sair da zona de rebaixamento; final se perdesse para o Vasco elas voltariam à zona.
Era o mesmo Hi Fi de sempre em que eu passei após a sangria de beber um vinho com Mareth no Casão, Não me lembro de uma estada tão sinuosa ou de um céu tão claro ao longo deste inverno onde eu sem blusa exibia minha grife, afinal além de adorar o inverno, podia mostrar quem sou...
Me aparece Flor de branco, com Dedé e Dôra. Muitos papos, cumprimentos e Dôra recebe um beijo na testa de Flor. Dôra parte e Flor fica vendo a novela... A indiferença vinha costurando outra vez. Indiferença absurda a tudo e todos. Adiante, da luz e da TV que brilhava no meio do nada. Nada de planos que agora eu tenho. Flor me cumprimenta, pega em minha mão e com olhos avermelhados dá uma bicada no copo de cerveja. Pela primeira vez tenho a sensação que Flor mexeu com drogas... Uma amiga me perguntou outro dia, se Flor se perdia na neblina intensa e eu disse que não sabia que a curva seguinte a reservava? Eu então listei desejos distantes, mantendo minhas mãos no bolso quando na verdade não sei nem distinguir ninguém, nem mesmo meu sobrinho viciado. É como se minha cabeça voasse janela afora e o acelerador estivesse colado ao chão de meu saudoso carro, me impossibilitando de decidir qualquer coisa, principalmente à direção ou o meu destino. Ele tem os olhos sonolentos de um assassino e o sorriso pretensioso de um psicopata.
Ele é um destruidor de corações. Ele é um centro de abate.
Ele vai te deixar para baixo, te fazer chorar e desaparecer, como tudo o que ele disse sentir.
Ele é um jogador, um enganador.
Ele é um palhaço.
Ele é como uma lâmpada fluorescente que atrai insetos. Ele é um campo magnético.
Ele é engraçado no início, mas, como uma piada velha, se torna comum e sem graça.
Ops, tarde demais.
Melhor correr enquanto posso. Nessas ruas tortuosas... Nunca se sabe.
Nunca fui de vigiar alguém, nunca fui fã de recomendações, mas agora que não as tenho, percebo quão difícil é pavimentar a própria estrada para que o fluxo flua e consigo pegar algum rumo preciso.
Os frequentadores estão encapotados, eu de camisa simples, branca, com braços de fora, num papo com Bigode, que momentos antes me ligou para beber a saideira, não que eu precise de combustível, mas isso me fazia ter outras informações de meus personagens favoritos. Perdi os sentimentos quando sentei na cadeira e passei a observar os meus algozes.
Teria sido melhor ter voltado para casa...
Uschuaia Dean, quarta feira 29 de Junho 2011.

TERCEIRO


                                   Foto: arquivo pessoal

A noite de sexta, ele trouxe o seu belo perfil e confrontou-me com os seus olhos claros. Nada conseguia fazer sentido a não o ser o fato de todos observarem aquela pessoa diferente no Quintal Favorito. Será que o sabia? Uma conversa de Marco e Eduardo que em tons de castanho, eu tentava decifra-lo. Adoro olhos castanhos. Na mesa agradável e ao som dos barulhos dos carros na Bias Fortes tentava conciliar ambos. Tento ler nas entrelinhas enquanto ele apregoa uma vontade que não sei qual seja. Hesito entre a vontade natural de lhe fazer perguntas e a vontade de me conservar calado. Gostava de poder dar uma definição justa do que sinto. Aliás, posso dar, mas receio que não seja aceite. A vida é isto, uma sequência de interrogações, de vontades não realizáveis. Não quero pensar nas razões que me levam a ignorar e manter o silêncio, porque para mim são convincentes demais. Ocorre-me o estado letárgico em que se torna tudo mais fácil, porque ao acordar tem-se a perspectiva de que talvez tivéssemos sonhado. Raios, sonhado como, se eu o toco? Se o ouço e "bebo" as palavras que diz, uma a uma? Não posso estar a sonhar nem tão pouco a dormir. Limito-me aos silêncios, das perguntas sem resposta e prudentemente tento não me lembrar de tudo. Ajeito-me na cadeira enquanto faço um esforço para não cair nas recordações que me devoram.
Então vejo outras pessoas e falo de nossa festa no Mineiro Bill em agosto e ali consegui vender 10 convites, só no papo com amigos.
Apetece-me ser um homem com vergonha e arrancá-lo deste marasmo, mas não passo de um simples plebeu. Como costumo dizer: um filho da puta considera que ainda não chegou a sua hora. Pobre e favelado puritano que aprendeu a acreditar que a vida é feita de encontros e desencontros e como isso não bastasse ainda tenta dar um nome a tudo.
O papo estava interessante com Duardão, com Ronan, o ator, e tantos outras criaturas “ RAFAINAS “,e me vejo preso na mesa,quase nos braços de Flor,que só  fui notar pela voz.DoNA já estava lá e acabei ainda passando convites após insistência de Flor...Enfim conheci o tal amigo deles que só via de papo com boys,Terceiro.Acho que é este o nome..Meu Deus e eu que achava que só eu tinha nome feio... O tempo urge e como se não chegasse não sermos capazes de ver ao longe, dispersamo-nos por outros caminhos. A vida é hoje, agora. Incomodo-me saber que ESTOU PERDENDO O RUMO. Flor está cada dia mais perto, eu sei. Não devias sentir-te afetado e deverias ser corajoso e lançar, nem que fosse em sussurro: Eu também tenho nojo de Flor...
Trata DoNA como minha mulher, que ela é isto e aquilo mais... Falou tantas bobagens querendo ser inteligente, mas ao ler o menu da BOTECADA,soletrava feito criança de grupo escolar municipal. Num dado momento estava discutindo, alguém da mesa aprontou. Bodinho, Noel Flor e DoNA estavam meios que perdidos e indignados... Na verdade queria mesmo era saber se Noel iria a Paris com a gente, após o Dedé e DoNA descartarem...
DEDÉ vai prá Maceió com um ex-caso e vai pagar tudo... Quarta ficou de fechar, vai pegar os convites para ir com outros amigos, já que Dôra é nariz empinado e não vai ao Mineiro Bill. Falou com ar de desprezo e despeito, coisa feia, mas ficou na dele e me teceu elogios, o qual fiquei vermelho, afinal receber elogios é bom, mas acredito que tenha o momento exato...
Até já.

Ushuaia Dean, 09 de Julho 2011

SONHO DE FLOR EM CARTA.



Dôra QUERIDO,
Pensava que iria esquecer te dizer um último oi, um último sorriso á pessoa que mais amei neste mundo?És e será sempre meu namorado inesquecível, o meu doce namorado que nunca me abandonou e foi companheiro de longas horas nesta minha curta vida que agora chega ao fim. Agora apenas posso ser amado por outro, e magoar quem vai ficar comigo neste mundo a chorar a minha ida a outros braços, pois nunca fui fiel nem a minha sombra.
Tenho curiosidade de como você está agora? Ainda és como um sonho? Como nadar num mar de água quente para toda a eternidade? Será uma seara de trigo sem fim a vista aonde o sol nunca vai embora e a brisa que o vento sopra é fresca como os teus beijos em tempos foram, frescos e suaves na minha pele ainda lisa e já envelhecendo.
Quero que tomes conta dos meus amigos, e recorda com eles tudo o que tiver a recordar de mim, minha doce alma de belos cabelos brancos.
Coloco em ti o pouco que ainda me resta da minha vida, pois é por ti que ainda me encontro vivo. Por todos os momentos que os nossos corpos e bocas se procuraram e se encontraram pelas horas que fiquei a ver a tua beleza através do vidro da tua janela... Nem um vidro te tira o dom de ser belo.
Meu amor está na hora de ir, na hora de reencontrar com outro corpo quente e ardente. Nunca pares de lutar pelo que queres e acredita em ti meu amor. Levo no meu coração todos os segundos que passei a teu lado, todas as vezes que te disse amo-te e levo também esta minha vida que ganhou brilho contigo a meu lado.
Da sempre tua Flor
Uschuaia Dean ,08 DE JUNHO 2011

SACANAGENS



                                                           FOTO PESSOAL 2011

Hoje há ratos            NAS MESAS DO HI FI
Hoje!           NO FRIO DA NOITE ELES DÃO AS CARAS
Eles existem o ano inteiro!       MAS APARECEM TAMBÉM DO NADA
No entanto, há quem ainda pense que uma ida ao HI FI pode promover um encontro rápido com alguns!                                  E ATACAM MESMO!
Hoje há carcarás!          COMO NUVEM VULCÃNICAS A ESPREITAR
Contudo, eles passam despercebidos no meu dia a dia!       NÃO VÃO ESPERAR O AMANHECER
Estão em todo o lado!                   SOLTOS E SEDENTOS DE CARNE FRESCA
Uns bem coloridos outros nem por isso!       VESTEM MAL COITADOS! 
Vivem conosco e entre nós!  NA MESA AO MEU LADO, FINJO NÃO VER NINGUÉM.
Com um sorriso rasgado, de olhos tristes fazem de conta que a vida é um arco-íris em cores berrantes!
Hoje há condores!                         BATEM ASAS SORRATEIRAS
- Ó Pai querem carniças!                    MAS AINDA SINTO-ME TÃO NOVO PARA SER DEVORADO POR ELES
"Berra" desalmadamente a Mareth na fila de baixo desconhecendo que na noite é mais um bebum neste quintal, afinal cansou de tanto vinagre tinto!              E ACABO NA SARJETA TAMBÉM
Continua convicta que o Mundo será dela ignorando que os michês são peças fundamentais para se sobreviver!         SE FOSSE MOÇO AINDA, QUEM SABE NÃO SOBREVEVERIA DE PROGRAMAS?
Hoje há quem pague porque o vicio do sexo nunca para!             E MUITOS VIVEM DISTO!
UASHUAIA DEAN, DIA DOS NAMORADOS, 12 DE JUNHO 2011.

O ACSO


                         

A noite está amena, a praça está linda com o chafariz ligado e a lua com o ar maroto me avisou que ia ver alguém...
Foi mesmo o acaso. No princípio não reconheci, mas depois de olhar bem no fundo das tuas palavras, reconheci de imediato. Vi logo quem era o Carcará. Eu sei que andas a navegar entre algumas certezas e muitas de vidas, que umas vezes me tinhas ali, como se eu fosse real e de repente sentias aquela angustia provocada pela incerteza.
Achei ainda mais interessante do que da última vez. Apareceu assim de repente, de boné claro, a  camisa amarela e eu mesmo fiquei um pouco perplexo pela tua aparição repentina.
Sabes bem que já não sou o mesmo, o meu coração já não é o mesmo de antigamente e ainda por cima apareceu disfarçado.
E tudo por causa do meu aniversário. Mais uma confusão, mas isso já não é de admirar, você próprio confessa aos quatro ventos que és perito em me encher o saco, mas afinal se quisesse antecipar os meus anos, que fosse ao dia mais longo de minha vida Mas, afinal de contas são contas e não vou perder  estes dias,só  porque és apressado. Mal me viu, tirou o boné e perguntou com ar feliz de quem não se esquece:
- Diga uma coisa, faz favor, não recebeste um email de um desconhecido? Ou recebes muitos?
Essa do recebes muitos estava contaminada com uma pequena dose de ciúme. Fiz de conta que não notei o alcance da pergunta, até porque eu não estava mais interessado em saber se gostavas de mim ou não. Sabe como são os homens, uns mimados, sempre a espera de piedade, como se os outros fossem obrigados a andar com os homens ao colo. Mas gostei de te encontrar, tive oportunidade de ver algumas das tuas rugas, não às fixei bem, apesar de me dizer que não és mais a mesma pessoa de há quase três anos atrás. Mas olha que está muito bom, sim senhor, desculpa esta linguagem, mas estamos com muitos rodeios, quando o homem é interessante, a gente diz logo olhos nos olhos, e precisava tirar o boné, porque eu gosto mesmo de olhar nos olhos quando te digo que já nem sei mais quem és.
Sabe como eu andava desnorteado com a tua ausência. Vê-lo ali de repente foi uma benção dos céus. Por isso deixei os meus olhos passearem pelo teu corpo, mas como eu não estava de boné apanhou-me com a boca na botija, como quem diz, com os olhos postos no emblema do teu polo, tentando descobrir as formas que se escondias por dentro do amarelo da tua camisa. Coisas de homens, tu bem sabes, mas eu ia perder a oportunidade de observar esse teu metro e setenta, e poucos de altos e baixos, e como há meses que ando na abstinência do meu lado mais pecaminoso, reagi assim de repente, e tive que meter as mãos nos bolsos,você sorria vendo a minha trapalhada.
Prometo que não torno a suceder, foi o impacto da primeira vez, ainda por cima me chamou de doido como quem diz você já tem juízo.
Fiquei contente por me dizer que uma tarde destas voltamos a encontrar-nos por ai de preferência antes do inverno acabar. Eu também sinto essa vontade. Sabes também ando precisando de ar fresco, como quem diz ando precisando mudar de ares, embora como saiba, estou agarrado a esta pasmaceira, a este norte ventoso.
Gostei de te ver, volto a confessar. Quem sabe numa tarde destas voltamos a esbarrar um com o outro.
Beijos, beijos de amizade (às vezes não são tão saborosos, são beijos assim, assim, sem aquela loucura do tesão,do desejo de possuir um ao outro.)
Mas, não perdi a oportunidade de beija-lo novamente...

                                         Ushuaia Dean, 13 DE JULHO 2011.

NOCK, O MENINO BONITO.



NOCK é menino bonito no auge da doçura e da meninice.Têm uns dez em mim. Em tem a mim por ser também parte minha.Esse menino é fragmento das minhas memórias, e de lembranças que eu inventei e guardo na minha caixinha de segredos.
Invento tanto que não defino o que de fato houve. O que de fato foi. Mas se é fato, houve.Porque aprendi que contra fatos, não há argumentos, embora tudo não passe de invencionice e fantasia.Talvez ele represente a instabilidade daquilo que chamamos de ser humano.O menino é esperto. Ele imagina  já conhecer os sentimentos...
Ele queria poder libertar seus pensamentos e fazer com que eles voassem em todas as direções. Se esmagassem contra os carros e outdoors. Queria ter habilidade para fazer com que fossem vistos, assim às pessoas encarariam de um jeito diferente as suas ideias sem sentido, ou os seus desenhos. A insanidade seria finalmente descoberta e entendida, pela expressão de ideias comprimidas em alguns centímetros de osso resistente.Ele é como os pássaros, ele sabe se comportar, sabe se alinhar, se ajeitar, formar uma organização perfeita sem traços, sem mapas, sem apoio para se guiar e sempre chega exatamente onde querer, onde deveria. Parece instinto. Ele dançou, cantou,jogou bola, corria livre, mas carregava consigo algo diferente, uma simplicidade, uma solidão perene, calmo no momento solitário com a bola... No olhar, no pensar e na agitação.Impressionante como NOCK é bonito, diferente. Carente. Deu até vontade de ser pai, carrega-lo no colo, leva-lo a escola, ao futebol... Ensina-lo como enfrentar este mundo cruel e violento... Eu realmente deveria fazer isto se pai. Só quero que o tempo lhe dê asas, que cresça feliz, e prometa que será um rapaz do bem. Ele cantou mais um pouco. Uma voz de motivação que me adoçaram a boca, jogando areia nos meus olhos. Quem dera fosse pó. Do sono. Que me fizesse dormir para sonhar com coisas que o fizesse grande tanto para cima, quanto para baixo.
Que veja o absurdo e o diferente, juntos, como unha e carne. Saber o que se diz e respeitar os outros.. Descobrir dois infernos do mesmo mundo e, o caos do intocável. Entender tudo pelo teu lado, viver onde tu vives e ter a alegria todas as manhãs. Nem ao menos soube o seu nome, por isso em emoções o apelidei de NOCK, afinal é só fantasia, nada de conotação sexual, nada de abuso, apenas queria deitar em campos escuros de mundos desconhecidos, mostrá-los os peixes que voam por mares acima de céus estrelados. Dar atenção, carinho e amor e regar o jardim de tua face, para que florescessem mais flores da cor azul. Azul turquesa, como o vestido que a garota vestia para agradar-lhe os olhos.
Agradei, por fim, olhos alheios, pois os teus estavam fechados, sempre fechados para mim. Quisera eu que estivessem fechados para sonhar, porque nos sonhos posso encontrar os olhos teus. Abertos, ainda que ausentes. Quis-te para sempre, mas não acredito que isto seja algum dia, amizade, companheirismo, ou só admiração...A amizade iluminando que traz no peito desfalece, como um corpo de canjica enquanto a dança continuava lá fora. Como quentão, presente. Uma casca de pão do que sobrou de todas as cestinhas de bambu.Talvez como os doces, também minha admiração tenha um prazo de validade. O que foi a canção torna-se uma lembrança boa.
Passava assim correndo perto de mim, não como flores sem água, mas como flores regadas demais. Talvez a culpa seja minha, por ter tanto medo de te olhar, depois tanto medo de deixar se perder ante meus olhos.Construi meus sonhos como aqueles chapéus de palha, as bandeirinhas coloridas. Comidas pelo vento de fora a fora. O ambiente cheio de gente e eu vazio ecoando  minha própria voz sem compreender uma única palavra daquele forró.Eu não entendo.
Eu não entendi.Como bater o olho no menino  bonito, um cristal liquido belo, majestoso e faceiro...É quando eles pegam um cristal, derretem até ele virar uma bolha e depois assopram todas as cores do mundo dentro dele com um canudo de vento.
 Simples prá mim!
Triste!Eu seguir sem o menino bonito... Ushuaia Dean, domingo, 03 de Julho 2011.

RIBALTO


                
 Muito bom ter estado com o Doutor, sempre alegria e papo saudável, mistura de afeto e admiração e no meu íntimo quero ti sempre feliz e com essa vontade de ensinar, mostrar e também de aprender, embora eu, Mario, Marquinhos e outras Flores da vida não têm condições de ensinar nada, mas eu tento de alguma forma ser o mais transparente possível...
Os bons companheiros não deviam ter modo, talvez  falta de educação. Tivemos e de certa maneira ainda temos!
Acredito que alguns tomam conta de nós. A mão guia, nos  amparam nas quedas e nos momentos difíceis. Porque às vezes à força de pensar e querer fazer o melhor, tropeçamos e quando damos por nós, dói o corpo todo da queda enquanto cá dentro o coração chora.
Zangados por não termos sido capazes de evitar, por não termos dado ouvidos, remetemo-nos ao silêncio e falta-nos a vontade e a fé de acreditar em quem nos estende a mão.
Fica-nos a esperança inabalável de que apesar de lá fora ser uma selva alguém consegue sobreviver.
Apesar dos pontapés, das incompreensões, dos mal entendidos, das acusações gratuitas, dos dez dedos apontados na nossa direção enquanto tentamos desviar das pedras que nos atiram , como se fossemos Maria Madalena, essa nunca se perde.
Tentamos dia a dia melhorar, não cair no mesmo erro duas vezes e acreditar que afinal por alguma razão a queda não foi em vão.
É verdade que o meu Pai, o Teu e tantos outros nos fazem a maior falta que é possível sentir, mas sabemos que nos deixaram um legado e que por nunca ser iremos abdicar dele.
Nunca me esqueço destas palavras que o meu Pai me disse numa tarde noite em Cisneiros em que tivemos uma conversa de "Homem para Homem”:
- Filho, eu sou Homem não sou Santo!
Estava tudo dito e bastou-me,uma criança de quase 8 anos entender.
Embora na altura tivesse pensado que a bondade existe e não é qualquer gás volátil.
Sempre soube que a razão porque o dizia não tinha só a ver com a atitude das pessoas que nos rodeiam, mas também que até a pessoa mais bondosa, íntegra e honesta comete erros.
Eu sei que um dia chegarei ao Sol e se não chegar lá, pelo menos sei, que pelo que sou, tenho o privilégio de sentir todos os dias os pés que do chão fui capaz de tirar.
Até já.
USHUAIA DEAN - BH,11 de Junho 2011

FLOR BASTARDA


                 
A decepção tem um gosto salgado, como carne de carneiro mal assada. Assim como essa falta de tempo, essa desculpa de buscar, de querer ser alguém neste temido mundo, não uma máquina que fica perdida no tempo. Defesa estratégica e ecologicamente colocada entre os pares de olhos tão diferentes, tão atônitos quanto às teclas que repico para escrever. Assim Flor na sua ilusão tem estado ocupada perdendo a identidade. Quase sempre sem noção do real e misturando na multidão nas manhãs de sol e frio. Tornando-se o que o espírito sempre se recusou a ser: comum. Tão comum a ponto de se tornar Invisível mesmo sentado à beira do caminho. O Invisível é comum em cada despedida. Amor, saudade, sexo, dinheiro, brigas, adeus e tristezas, infravermelho, amarelo, verde e prantos. Uma vez sentido, é impossível voltar. Irresistível como a parede de café, que escorre até secar e se tornar imóvel. Amargo como o grito na noite fria ou como a bílis de criança em mares quase pacifico. Completamente perdido está. É uma droga que vicia e mata. Veneno forte e estonteante fica a alma. O não visível te traz de volta para onde tudo começou: no vazio do HI Fi entre olhares insatisfeitos em estado ocupado perdendo o controle da vida. Perdendo a noção do tempo,sem saber a falta que o outro lhe faz. Esperando demais. As cores infantis não lhe cabem mais e as paredes pedem um tom mais sério. Creme. As mãos sofriam por outras duas, longe daqui que, para sempre estarão, não onde os dedos terminam, mas onde a fumaça encontra o ar.
DoNA não quer que olhem pela janela do carro e não vejam mais nada quando ela passa na rua. Não quer a sombra que as pessoas que vê usa como uniformes coloridos. Não quer mais mudar por causa das raízes e folhas de Flor. E talvez até seja uma idiota por se deixar controlar. E talvez seja um hipócrita por deixar parti-la de seus braços. Mas certamente é uma perdedora por se deixar desaparecer...
Ushuaia Dean, terça feira, 07 de Junho 2011

ELES PENSAM


                         
Flor simplesmente não pensa.
Dôra pensa que é Grace Kelly.
DoNA pensa que é Pavarotti
Duardão pensa que é José Carreras.
Bodinho  pensa que é motorista
Noel pensa que é papai
Ribalto pensa que é Bellusconi.
E Marquinhos Estação já não pensa mais.
Mareth Barbosa pensa que é Gretchen
Shikin pensa que é Lady Francisco.
Balailaka não pensa, quem pensa é Maria Augusta
Carlos Bigode pensa que é baixinho da Kaiser
Bambolla pensa que é David Copperfield.
Careca pensa que é Zeca Pagodinho
Lazinha pensa que é Maria Bonita
Elias pensa que é Ursinho Pimpão
Anderson Fumaça acha que é paquita do Olodum
Humb pensa que é borboleta
Janeth pensa que é Elza Soares
Beth, a feia pensa que é rica.
Getulio pensa que é político
Ternurinha pensa que é sambista
Tony pensa que é Ramos
Mucama pensa que é livre
E Claudio, simplesmente pensa que pensa
Lan  lan pensa que é Jô Soares.
Zezé pensa que é padeiro
Bam Bam pensa que é culto
Dudu pensa que tem graça.
Maurinho pensa que vai ser mãe.
Wilson pensa que é intelectual.
Mamily pensa que é Clara Nunes
Dedé pensa que bancário
Luizinho com todo o dinheiro que tem, pode pensar o que quiser.
Sisi pensa que é Santos Dumont
Neymar pensa que é o número 1.
Duvallier pensa que é atriz.
Ricardo pensa que é Charles Bronson
Alexandre Kalil pensa que é Deus.
E Perella tem a certeza!

Uschuaia Dean, 06 de Julho 2011.

DEPOIS DO SONHO


                       FOTO DIGITAL 2010

Não fui ao jogo do Galo... Optei por ficar alardemente debruçado no parapeito da janela, enquanto "papava" as pessoas com olhares como se fossem pipocas.
- Tentei dar um rumo ao dia, mas a preguiça venceu-me aos pontos. Consegui com um esforço heroico ir beber um café na cozinha. Sim foi heroico porque a cada passo dado sentia que dava um para trás. Tentei entender aquela má vontade com  as manchas de café na camisa, mas também não fui capaz de esquentar. Recorri ao Sol que brilhava, ao silêncio que reinava na rua e da imensa sorte que tenho por ser apenas um espectador do inferno que assola o país. Agradeci tudo o que já tive e tenho enquanto o ar cheira a queimado.
- Olá “DoNA", boa tarde? Está melhor? E a Dª. "Flor"?
- Olá Dona Augusta! Está tudo bem! Olhe a Flor vai andando, mas está bem melhor.
É um café Dona Augusta?
- Ainda bem, é sim.
E um golinho faz favor.
Deviam tirar uns dias.
 Também precisa descansar.
- Pois devíamos - responde DoNA com um meio sorriso - mas sabe, agora neste mês o bolso está vazio  e me resta caminhar aqui no bairro onde os amigos  sempre me paga um cafezinho quentinho, uma cerveja geladinha.
- Tem razão, sabe bem, sim e eu que o diga.
- E o como foi à festa de Flor?
Um sorriso completo desta vez.
- Muito simples, mas sabe está tudo a arder, é uma tristeza.
Fico sem palavras assim como fico quando vejo os “amigos” distantes.
- “Sabe DoNA” já não esquento com amigos, o último, a Mareth está com raiva de mim e em vez de chorar. Vou ouvindo aqui. Ali, mas lamentar, não.
- Até logo DoNA
A música acabou e vai começar o jogo do Galo
Liguei a TV e o radio como faço sempre. É quase um ritual. Bebo um café antes, durante e outro depois do jogo.
Retorno à janela enquanto rola o jogo.
- Boa tarde, como está? O seu filho?
- Uma boa tarde também. O meu filho está bem e o seu amigo chegou bem em casa ontem?
Sorri.
- Não é meu amigo, é meu irmão.
- Ah! Não sabia.
Na véspera tinha tido um ataque de bom senso, de nem sei como lhe chamar, ao começar a filosofar sobre a bebida e a condução. Logo eu. Bem, logo eu, mas não conduzo. Foi mais forte que o meu estado normal que é o de ver e não comentar, mas beber um vinho bem servido, depois de uma refeição bem "regada" e dirigir em disparada é dose. Pensei: estás ficando louco e velho estúpido. ! Caramba!
- Sabe. Lá no bar está tudo ardendo também.
- Ainda há pouco ouvi dizer que o HI FI esteve lotado ontem à noite.
- Desculpe. Mas disse?
- Que aquele bar que frequentamos, eu e teu irmão esteve lotado ontem.
- Que tristeza, aonde iremos parar?
Nossa conversa rendia e recuei no tempo e comecei lembrar-me dos meus tempos de juventude em que corria à frente da polícia, das manifestações clandestinas e da Inéz, “a bicha do exército”...
- Este Governo. Devia vir alguém com pulso firme, não uma ditadura, mas alguém com tomates e frutas feito símbolo de Paz, as bibas só querem viver de amor ou sexo.
Ri e continuava a conversa com aquela alma que o tempo lhe tinha vincado as rugas. Falou do antes, do durante e do depois e só me lembrava do meu tempo de antes. Do antes em que numa tarde, nos princípios de Novembro não fui capaz de fugir à frente da polícia e fui dentro. Durante vinte e quatro horas privei com pessoas que eu ignorava que fosse possível existirem. No dia seguinte o meu Pai foi me buscar.
- Tem de pagar dois mil Reais! - vociferou um agente da autoridade ao meu pai.
- Como? Pagar? Dois mil Reais
- Sim, se não pagar o bonitinho não sai daqui.
- Sabe que mais, se eu quisesse que meu filho passasse uma noite fora de casa, teria pago um quarto num hotel de cinco estrelas. Não pago. Pode levantar processo.
E foi assim. O meu Pai não pagou e eu nunca fui a julgamento porque eu sabia cantar.
Era a altura deles, contra a minha voz.
- Veja Senhor, sempre vivemos a ditadura - e eu já nem ouvia mais este termo.
. Queria ir embora. Queria esfolar na minha janela. E passar o dia inteiro a cantar.
Acabei por não ver os gols da vitória de meu Galo. Mas, vi a Lua da minha janela, senti o cheiro de queimado no ar e o coração em algum lugar durante o jogo, entre a dúvida e a certeza fiquei em casa.
Acordei-me, calei-me e não esqueci que meu caso é mais sério sempre após mais um sonho sem solução...

Ushuaia Dean, 12 de Julho 2011.

AS AVENTURAS DE FLOR NUM DOMINGO DE OUTONO


               FOTO:FORRO D E MESA 2012

Acho perigosa a situação que tenho me envolvido. Aos poucos os meus personagens vão aproximando de mim de maneira incrível e fico quase sem defesa, sem poder ouvi-las com prazer. Sinto-me vigiado e meus algozes parecem que estão me caçando. Se sou caçador, sinto que virei caça também. Sinto-me uma presa fácil na situação de quem está desbravando o interior de minhas procuras. Sempre tive curiosidade de conhecer este lado meio faroeste das meninas e dos meninos que frequentam, o meu quintal favorito
Na última noite de domingo, depois de 21 horas, chegamos de Sete Lagoas e fomos jantar. Não haviam mesas a disposição e o HI FI estava com um povo radiante, muito zum  zum.Procuramos uma mesa e nada,eis que Flor nos convidam uma,vez e agradeci.Duas vezes e agradeci.Terceira e insistia,mas eu e Dudu achamos uma mesa ao lado de Flor que parecia meio alterada. De início achei meio estranho: soava esquisito o convite, afinal ela estava com um amigo que vim saber ser o Marquinhos, um amigo que ela fez questão de dizer em som alto e monossílabo que é mais que irmão..Um rapaz até discreto e parece ser gente boa.Não sei.Senti que Flor disse que ofereceu porque na sexta oferecemos e eles assentaram em nossa mesa...Nos falamos amistosamente ,até que Tony veio falar comigo e não é que este Tony já ficara com Flor?Como ela estava bêbada, a exemplo de Mareth, aconteceram abraços, afetos e até selinho na boca, falava coisa sem nexo, pediu o fone do Roberto que é amigo do Tony e foi o primeiro namorado de Flor, ainda menor.
E por ali ficamos ele olhava, falava ao fone, chamava DoNA e me repetia que estava ali, mas que não gosta que ele ficasse sozinho pelas ruas. Que estava com o amigo, mas DoNA não gosta. Que DoNA gosta de cantar e após uma festa iria busca-lo e levaria para casa.
Rolava papo na minha mesa, na dele,me chamou,pegou em minha mão e convidou-me para o aniversario, dia 4 de julho lá no Santa Mônica.Que eu estava convidado e se eu aceitaria ir,que estava convidado e bastaria eu quer ir.Remexia na mesa,caia garrafas de cervejas,falava mais alto e ali ficou de sarro com um amigo no celular,que parece ser um tal Carlinhos..Segundo Tony a festa seria na casa do Dôra e acredito que Tony- o passageiro da agonia –seja amigo de Dôra também...preciso checar com precisão,assim posso saber mais coisas destas criaturas...O que eu sempre via e escrevia como piada estava ali de forma concreta e real. O pior é que eu tinha vontade de rir... Mas ajuizado como sou, me contive,acho que não sou tão cruel assim.
Nos meus pensamentos imaginava como um surbubano, afinal cedo estávamos na feira da Afonso Pena onde Flor até me cumprimentou.Sei não...tenho achado meio louco tudo isto..Ele disse que esteve o dia todo no boteco.Viu o jogo do galo e chapou feito anta no Bar da Praça com amigo e sorria,com acara alterada,nitidamente todo mundo observava a figura...
A paisagem entre o rosto da manhã e essa da noite mostrou variação até aquele momento só cerveja e cerveja.
A convivência com a turma está sendo boa: Shaolin é divertido, Dudu é amigo e disposto. Lan lan é seguro e extremamente discreto em seus olhares.Marquinhos Moreno é calmo e singelo,pessoa simples e boa.Tony,mostra-se meio agoniado,Beth a feia,enrolada.Lazinha uma figuraça.Toninho um professor de física meio problemático,mas super alegre e constante e as criaturas que tenho conhecido e já me tratam como velhos camaradas...Mareth uma pessoa especial,Filé adora uma paquera e olhares com coroas,Riba um catedrático e humano.Falta-nos o Remilton,o garçom preferido que faz falta ao pedaço..Excetua-se uma carcará (não citarei o nome para não me comprometer). Sempre tive respeito pelos mais velhos, mas nesse caso em particular está difícil. Independente da idade não gosto de pessoas com soberba, extremamente metódicas, desrespeitosas e acima de tudo teimosas nos seus erros. A convivência de num grupo pode ser legal, mas acaba sendo comprometido por causa da senilidade de uma pessoa. Fazer o quê? querem assim....assim será!
Mudando de assunto: Cada vez estou mais convicto de que existem pessoas ao nosso redor que possuem como missão transformar a vida dos outros num inferno. Como fazem muitas pegadas insistem em espalhar sacanagem para os outros para que elas não tenham que aguentar a  solidão sozinhas. Estive numa dúvida cruel: mandaria Flor pra puta que o pariu ou mandaria enfiar o convite naquele lugar e sair assoviando, porém acredito se eu for a tal festa poderia terminar a minha história onde Flor com necessidade de corpos, sem prazer, sem brilho nos olhos, não expresse saudades, nem devaneios do passado. Que meus escritos e essas coisas que vem para mim de graça, a minha capacidade de observar, não seja um ato de terror contra a minha pessoa e que eu não rascunhe apenas o desamor, mas um pouco deste personagem que um dia vai me matar.

Assim, quando não existir mais nenhum obstáculo entre nós, possamos ter finalmente um grande final...
Ushuaia Dean, 20 de Junho 2011.

A CAMISA DA DISCÓRDIA


                          
                                FOTO DE ARQUIVO 2012                     

A impressão que bate no meu peito é que Flor espanta todas as vezes que me reencontra. Se antes fui prejudicial, hoje poderia ser solução, afinal se aproximando pode saber ou dizer algo sobre o ex- affer Ribalta, que ainda deve mexer afinal o bolso encurtou e nada melhor que tentar uma volta triunfal. É engraçado a cara de cãozinho de madame num misto de agonia,medo,sei lá,até pavor..E é exatamente ai que vou colhendo dados para o remate final de meu romance.
Estávamos no Quintal quando a caminho do toalete encontro no balcão Flor com um cara sacártico assistiam ao jogo do Santos.DoNA esteve o tempo todo fora,numa mesa com amigas..Ele me cumprimentou,me olhou sem graça,como quê desejando saber algo...passei dei um oi e retornei a mesa.A bera gelada ,numa noite de inverno quente,parecia noite de verão..Dedé saltitante exibia um garoto que se diz do Rio e quer um pacote para os dois em Julho..Chega Dôra que espanta-se em me ver no bar,Clau me cumprimentou também e foram para outras mesas.Acho que olhares se cruzaram com Flor.Senti uma certa apreensão no olhar de Heliodora que se achava que eu e Ribalta fossemos um casal,agora estaria  certo disto..Eu com uma vistosa camisa FRANCE estaria li a senha que esperavam,afinal recém chegado da França trouxera de presente para o Love...Alias eles ficaram meio atônitos,geralmente visto camisas com nome de países,estados,cidades mais simples ou famosas do mundo.Adoro este tipo de roupa e como Dôra,Flor me olhava de cima em baixo,afinal apesar da idade ainda bato bem uma bolinha.Vejo olhares,paqueras,pessoas me desejando,mas sou um estúpido e acabo sozinho..Antes só que mal acompanhando.Quem eu desejo não me quer...
O celular não parava de tocar. Era o Lan lan querendo saber se não sairíamos para o ESTAÇÃO 2000 que reinaugurava o espaço para todas as  classe.Nos mandamos prá lá e metade do HI Fi estavam presentes entre sorrisos, abraços e flertes noto que o amigo de Flor que estava junto no balcão do HI Fi me encarava,procurava aproximar-se e até que numa saída do banheiro o desgraçado veio,me pegou,acabou me tascando um beijo e cochichava em meus ouvidos convidando-me para ir dormir com ele.Que nojo de gente,cara idiota e sai..Ficamos a mesa com Lan lan,Dudu,o Lessa,o Geradin ,Elias Pimpão,Marquinhos,Mareth que encheu a cara e de novo aprontou...Atrás de nós num cantinho observo os amassos e beijos de Flor e DoNA...parecem um casal lindo e exemplar,cheio de afeto,tesão,,corpos a bailar no som das musicas..E o olhar de Flor é algo meio Monalisa,tem mistérios e aparenta  ser um psicopata frio e calculista...
E ali entre meus copos de cerveja e olhares imaginava o que Flor pensava e traçava procurando pela boate um novo alguém... Aquele chamego estava arrumado demais e Flor parecia translúcida, mas enlouquecida nos braços de Dom, o desinteresse dos frequentadores por ele era nítido e simples e parecia ser estúpida a necessidade dele encher a cara de cerveja. Assim como Mareth, Flor tentava gritar, mas um grito que os ouvidos dos amantes jamais ouviriam e após subir e descer as escadas todas em vão Flor sentia-se solitária nos braços de DoNA... As pessoas transitando, todos a olharem, outros disfarçavam e eram impiedosos, Flor acabara a noite sozinha mesma nos braços daquela figura com cara de papa e de boneco de plástico!
Não fizeram merecedoras nem de um encontrão casual de olhares... E nem tive tempo de compreender os dois ali sem companhia, sem amigos. Se ao menos houvesse mais coroas solitários regados a uísques ele sentiria melhor. O copo sempre foi o mais fiel dos seus companheiros; ele afogava nele para não ter que se afogar nas pessoas.
Eles ainda beijaram-se, puxavam-se os cabelos, amassavam o rosto e passavam quase despercebidos, a não ser por meus olhos de lince que não fugia um instante.
Agora já não os quero mais - dizia convicto pra si mesmo. Mas assim que um transeunte se aproximava, a esperança, essa maldita que não aprendeu a se conter, voltava a pulsar com toda força. Percebi todos os desejos de Flor, fisicamente. Porque nunca estavam a não ser fisicamente. É o mal dos interessados...
Não havia razões aparentes para aquilo, me soava mais como punição. Punição de quê? Por quê? Não nasceu para ser punida, fiquem sabendo! Não nasceu pra isso por não ter estrutura pra isso.
Será que fez algo? Pagando língua, ironizei!Eram muitas coisas de ruim, não caberiam todos na sua ruindade.
Ou será que ainda não percebeu as dimensões monstruosas da sua ruindade? Talvez já fossem gritantes prós outros, mas não pra Flor. Não ainda. É que, pra mim, o seu aglomerado não pode ser visto a olhos nus.
E eu ainda não tinha encontrado as lentes certas, mesmo assim, meu amor, tudo isso poderia melhorar com uma dose de cerveja e eu terminaria meu romance.
Flor já está me incomodando muito... Depois desta camisa será muito mais que apenas um romance...

Ushuaia Dean, feriado, 23 de Junho 2011.