Os bons companheiros não deviam ter modo,
talvez falta de educação. Tivemos e de
certa maneira ainda temos!
Acredito que alguns tomam conta de nós. A mão guia,
nos amparam nas quedas e nos momentos
difíceis. Porque às vezes à força de pensar e querer fazer o melhor, tropeçamos
e quando damos por nós, dói o corpo todo da queda enquanto cá dentro o coração
chora.
Zangados por não termos sido capazes de evitar, por
não termos dado ouvidos, remetemo-nos ao silêncio e falta-nos a vontade e a fé
de acreditar em quem nos estende a mão.
Fica-nos a esperança inabalável de que apesar de lá
fora ser uma selva alguém consegue sobreviver.
Apesar dos pontapés, das incompreensões, dos mal
entendidos, das acusações gratuitas, dos dez dedos apontados na nossa direção
enquanto tentamos desviar das pedras que nos atiram , como se fossemos Maria
Madalena, essa nunca se perde.
Tentamos dia a dia melhorar, não cair no mesmo erro
duas vezes e acreditar que afinal por alguma razão a queda não foi em vão.
É verdade que o meu Pai, o Teu e tantos outros nos
fazem a maior falta que é possível sentir, mas sabemos que nos deixaram um
legado e que por nunca ser iremos abdicar dele.
Nunca me esqueço destas palavras que o meu Pai me
disse numa tarde noite em Cisneiros em que tivemos uma conversa de "Homem
para Homem”:
- Filho, eu sou Homem não sou Santo!
Estava tudo dito e bastou-me,uma criança de quase 8
anos entender.
Embora na altura tivesse pensado que a bondade
existe e não é qualquer gás volátil.
Sempre soube que a razão porque o dizia não tinha
só a ver com a atitude das pessoas que nos rodeiam, mas também que até a pessoa
mais bondosa, íntegra e honesta comete erros.
Eu sei que um dia chegarei ao Sol e se não chegar
lá, pelo menos sei, que pelo que sou, tenho o privilégio de sentir todos
os dias os pés que do chão fui capaz de tirar.
Até já.
USHUAIA
DEAN - BH,11 de Junho 2011
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