17 DE OUTUBRO 2010
Flor olhava de canto, disfarçadamente, talvez por ter tanto medo de que seus olhos pudessem se inundar, e fingiu que não o estava vendo. Essa sempre foi à maneira mais covarde de fugir de alguém, escapando de seus olhos.
Pegou a caneta e o papel da bolsa e fingia anotar algo, sendo essa a maneira mais patética de se ganhar tempo.
Enquanto fingia que escrevia, ele virou-se furtivamente e encarou por uma fração de segundos. Batia seus olhos nele, como se houvessem atirado pedras. Doeu da mesma forma.
A caneta caiu, o rosto dele também. Pegou rapidamente a caneta, tão rápido quanto ele ao consertar sua postura. Ele ficou novamente de frente para o moço, então o fitou, com uma coragem precoce assustada com sua audácia. Sentiram um gosto cru na boca, os lábios ressecados de carência. O peso nos olhos também atrapalhava, mas mantivera firmes, presos a ele como uma criança que gruda nos braços da mãe.
Ele, como o bom covarde que sempre foi, desviou os olhos e andou até a calçada que ainda o sustentava.
Suas pernas vacilaram, trêmulas, bêbadas. As reprimiu. O moço continuava vindo, os olhos grudados no caminho. Então chegou mais perto, bem perto, tão perto. E mudou de calçada.
Seus olhos arderam em chamas, sentia as gotas de lágrimas brigando dentro de si, loucas para serem libertadas. As reprimiu, também.
Levantou com a dor que consumia, agora, todo o resto. Conseguia dar os passos necessários, as pernas eram mais leves que o coração. Pegou a caneta e o papel, que também não pesavam tanto, guardou-os na bolsa e mais uma vez foi, dessa vez sem olhar para trás, sentindo na ponta da língua o gosto ácido, que já escorria por todo o seu rosto pousando na manga esquerda da blusa, pertinho daquilo que ele costumava chamar de meu coração.
Flor olhava de canto, disfarçadamente, talvez por ter tanto medo de que seus olhos pudessem se inundar, e fingiu que não o estava vendo. Essa sempre foi à maneira mais covarde de fugir de alguém, escapando de seus olhos.
Pegou a caneta e o papel da bolsa e fingia anotar algo, sendo essa a maneira mais patética de se ganhar tempo.
Enquanto fingia que escrevia, ele virou-se furtivamente e encarou por uma fração de segundos. Batia seus olhos nele, como se houvessem atirado pedras. Doeu da mesma forma.
A caneta caiu, o rosto dele também. Pegou rapidamente a caneta, tão rápido quanto ele ao consertar sua postura. Ele ficou novamente de frente para o moço, então o fitou, com uma coragem precoce assustada com sua audácia. Sentiram um gosto cru na boca, os lábios ressecados de carência. O peso nos olhos também atrapalhava, mas mantivera firmes, presos a ele como uma criança que gruda nos braços da mãe.
Ele, como o bom covarde que sempre foi, desviou os olhos e andou até a calçada que ainda o sustentava.
Suas pernas vacilaram, trêmulas, bêbadas. As reprimiu. O moço continuava vindo, os olhos grudados no caminho. Então chegou mais perto, bem perto, tão perto. E mudou de calçada.
Seus olhos arderam em chamas, sentia as gotas de lágrimas brigando dentro de si, loucas para serem libertadas. As reprimiu, também.
Levantou com a dor que consumia, agora, todo o resto. Conseguia dar os passos necessários, as pernas eram mais leves que o coração. Pegou a caneta e o papel, que também não pesavam tanto, guardou-os na bolsa e mais uma vez foi, dessa vez sem olhar para trás, sentindo na ponta da língua o gosto ácido, que já escorria por todo o seu rosto pousando na manga esquerda da blusa, pertinho daquilo que ele costumava chamar de meu coração.
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