quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

SÃO PAULO DE CERVEJAS,ANJOS E ALEGRIAS

                                                         FOTO ARQUIVO PESSOAL
                                                         SÃO PAULO,01/12/2012

 
SÃO PAULO DE CERVEJAS,ANJOS  E ALEGRIAS

Saí com Ed e passeávamos pelo centro da cidade de São Paulo.
Eu, no meu ímpeto, quis mostrar ao Ed as “qualidades”, própria de uma capital um tanto pueril, achando que esse seria o melhor caminho para ele se divertir.
Depois que caminhávamos alegres pelas longas avenidas da Capital, senti que estavas ansioso, então: “Porque estás assim?” indaguei.
“Quero conquistar essa cidade, com mais atenção ,conhecer gente nova e tem um bar que gostaria que você conhecesse?”Disse pausadamente Ed.
Senti um forte aperto no coração, pois ele não sabia da paixão que tenho por bares.
“Sabes que eu amo botecos e ficaria horas bebendo com os amigos antigos e os novos por vir?”
 Minhas palavras jamais seriam em vão e subitamente senti-me um cãozinho índigo feliz naquela tarde noite chuvosa.
Caminhamos pelo Largo do Arouche até chegarmos ao Bar dos Amigos...
Durante o trajeto, nossos papos eram reconfortantes. Sentia a brisa tocando suavemente minha face, a chuvinha na cabeça e respirava outro ar na praça. Já era noite e chegamos devagar. Alguns olhares e sorrisos... Sabiam que éramos novos no pedaço... Um bonitão nos ofereceu a mesa e ali ficamos. Quem adentrava o recinto nos cumprimentavam, outros só nos olhavam, um tanto de gente séria, olhavam-nos discretamente... Gente de todo tipo, todos parecendo resolvidos sexualmente...

 - “Eu te amo”... Mesmo sem poder sentir o teu beijo na minha boca, mesmo sem poder sentir o calor do teu corpo sobre o meu... Eu te amo mesmo assim... Falou um Senhor Coroa para um moço mais jovem...

Pude ouvir afinal ali na nossa frente não havia como fugir de olhares e ouvidos...
A cada cerveja a vontade de falar com alguém, além dos garçons bacanas e ainda um monte de gente do bem.
Meus olhos começaram a lacrimejar, caindo gotas de emoção... Estava cansado, sem dormir a viagem inteira na noite de sexta.
Sob olhares atentos de outras pessoas, alguém disse: “Desculpe-me estou de costas para vocês!”
- Tudo bem,não esquenta!
Outros homens chegaram e ensaiávamos um “oi”, “um tudo bem?” - beliscando um queijinho pachá...

Tranquilamente bebíamos e cruzávamos olhares com pessoas diferentes e alegres... Senti-me como fosse velho frequentador daquele lugar inóspito...
Em nossa frente um grupo de gordinhos, lindos ursos conversavam nos olhando e não demorei em perguntar a um rapaz onde ficaria o Bailão... Ele com toda educação nos informou e ali ficamos de conversa... Na verdade ficamos amigos e outros papos cruzam nossos olhares e ouvidos.
Noto casais de idosos alegres em abraços furtivos e sorrisos alegres, foi quando senti que Gays são iguais em qualquer parte do mundo. Um cara de caso há tanto tempo e traindo o parceiro em saunas... Ele disfarçava, pois o companheiro estava na calçada fumando e conversando com amigos em comuns.

Senti-me aflito a partir dali, queria sair logo pró Bailão.
Procuramos pela tal boate, entramos e percebi um homem mais de idade me encarando. Dei de bobo e até que aproximou, puxou conversa, pegou em minhas mãos, conversamos bastante. Em pouco tempo soube da vida dele, dos amigos, dos seguranças da casa, enfim... Pediu-me licença para cumprimentar um alguém e ali num canto fechei os olhos, imaginei-me preso numa pequena gaiola fechada com uma chave colorida feito neon. E a chave parecia quebrada. Rapidamente, tentava abri- lá, temendo pelo pior já não sabia onde estava...
Quando finalmente consegui abri-la, toquei com as minhas mãos um algo ainda quente, senti um alívio. Alguém estava comigo!
Peguei-o em minhas mãos e vagarosamente fui abrindo, até sair correndo pelo quarto...
Não era meu quarto, e estava todo fechado, decidi então abrir a porta para que ele pudesse sair, porém ele ficou ali só me observando.
Olhei para o chão e vi que estávamos rodeados de cobras.
Abri a porta do guarda-roupa, latindo ele entrou, mesmo estando livre para poder ir para longe, preferiu permanecer no quarto.
Sentia que algo de muito especial unia-nos. Seria liberdade?!? Amor?!?
Não foi o fato de ele ter se transformado em um enorme anjo branco que mudou o que eu sentia posto-que, eu não o desejava desde o primeiro momento que o vi ali num canto do Bailão.
 Foi mais um sonho, nesta minha louca vida de cervejas e alegrias...

Adormeci em profundo sono.
Quando acordei, no quarto do hotel, Ed já estava coxeando pelas avenidas sedentas de São Paulo.

Guto Dean, 01 Dezembro 2012 -

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